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GRAPHPRINT SET 10
EDITORIAL
Uma questão de (dar)
oportunidade
Ao começar a escrever o editorial, que aqui se estende, me deparei com uma má notí-
cia: dona Dorina Gouvêia Nowill, 30 de agosto de 2010. Sim, amigo leitor, esta é a data
da morte da simpática senhora fundadora e presidente emérita da Fundação Dorina
Nowill para Cegos. Líder soberana entre os portadores de deficiência visual, desde
sempre acreditou que para multiplicar o acesso aos livros teria que trabalhar em con-
junto com os editores, não contra eles. Seu objetivo principal sempre foi lutar para que
os deficientes visuais tivessem, em suas escolas, livros com a mesma qualidade da-
queles feitos para as crianças que enxergam. Dorina sempre defendeu a ampliação ao
acesso ao livro, mesmo que pessoas apresentem deficiências. Seu legado é eterno.
Peça a peça, de profissional em profissional, paulatinamente, construímos algo que,
sem percebemos, se transforma num legado logo à frente. A Associação Nacional de
Livrarias (ANL), por exemplo, por meio de um estudo que traça o diagnóstico do setor,
deixa desde já um legado rico em informação. O universo da pesquisa, composto por
2980 livrarias, foi de 739 estabelecimentos. O formulário aplicado em 2009 é mais
abrangente, resultando em uma pesquisa mais bem informativa e com análises mais
detalhadas. A fonte principal dessas análises é proveniente de pesquisa encabeçada
pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros
em seu diagnóstico Produção e Vendas no Setor Editorial Brasileiro.
Fernando Alperowitch, que assumiu o cargo de diretor HP Indigo para a América La-
tina, é outro personagem da indústria gráfica que há anos solidifica seu legado na
empresa e no mercado. Durante entrevista concedida à Graphprint, Alperowitch rea-
firma o compromisso da HP na alvissareira tarefa de trazer soluções para o mercado.
O market share a obriga a inovar, sempre. Quando solicitado a fazer uma autocrítica,
o diretor da HP para a América Latina, é enfático: “Saber que não somos perfeitos nos
traz a energia; todo manhã minha equipe acorda querendo identificar o que o cliente
precisa.” No embalo da informação, revela em primeira mão para Graphprint que a
empresa investiu num centro de treinamento, em Barueri, em São Paulo, para que os
clientes que adquirirem equipamentos HP recebam o mais elevado nível de treinamen-
to. “Até três meses, essa e outras novidades estarão prontas”, anuncia.
Adiante, o leitor saberá que o reinado do papel poderia ser ameaçado pela entrada
dos leitores virtuais no mercado, os e-books. Ainda bem, para nós da indústria gráfica,
que o verbo poderia, conjugado no futuro do pretérito simples, acaba virando passado.
É de comum acordo entre os entrevistados que a relação entre o mercado editorial
e e-books proporciona novas alternativas para todos os elos da cadeia. Fato é que a
indústria gráfica, que acredita ser salutar a chegada de novas tecnologias, vem ratifi-
cando seu poder de crescimento.
Já os entrevistados da matéria sobre químicos auxiliares, que hoje fabricam produtos
que quando formulados e descartados sem o devido cuidado prejudicam o ambien-
te, evidentemente sabem o significado da palavra legado. Aos gráficos, mandam um
recado: já é possível substituir o álcool isopropílico, basta querer abraçar a iniciativa.
Fica constatada que a substituição não é uma questão ainda muito bem assimilada,
pois é preciso mudar a cultura quanto à utilização de de-
terminados produtos.
Na reportagem sobre mercado de distribuição de papéis,
a proposta de Graphprint é mostrar dois temas (ou ca-
minhos) relevantes: o uso do papel imune e a utilização
das redes sociais. Mesmo com alguns problemas quanto
ao uso do programa, pois alguns usuários acreditam que
foi lançado precocemente, o Reconhecimento e Controle
de Operações com Papel Imune (Recopi), lei paulista que
regulamenta a comercialização de papéis para fins edito-
riais, que entrou em vigor dia 1º de agosto, é a ferramenta
que permite ao Fisco o monitoramento das atividades do
setor. Na teoria e na prática, o objetivo é um só: não há
mais espaço no setor para surgimento de tantos distri-
buidores e concorrentes desleais. O que não é novidade
para ninguém é que há anos a questão do papel imune in-
comoda o mercado. Infelizmente, o uso incorreto do papel
imune ainda é prática recorrente e é por isso que governo
e contribuinte precisam se unir.
No mais, temos o comemorado 120 anos de existência
da Editora Melhoramentos, que certamente já fez parte
da sua vida em algum momento, ações de empresas em
busca de harmonia com o ambiente e o balanço positivo
de algumas companhias do setor. Assim sendo, e quan-
to mais oportunidades criarmos, invariavelmente muitas
outras vezes nos depararemos com “Donas Dorinas” ou
“Senhores Dorinos” pela frente.
Dona Dorina, muito obrigado!
Fábio Sabbag