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GRAPHPRINT NOV 10
EDITORIAL
Para não haver bate-boca
dentro do salão
Antes, dançando sozinho, e muitas vezes sem compromisso, não po-
díamos reclamar muito, pois ninguém havia nos levado ao baile. Quem
viu o Brasil bailar ao som dos ritmos internacionais e dançar, coladi-
nho, com pares que não inspiravam nenhuma segurança deve ter, por
certo, e adequadamente, criticado suas escolhas.
A própria economia mundial, quando convidada para participar da fes-
ta de encerramento do ano de 2010, por meio do seu parceiro Fundo
Monetário Internacional (FMI), chegou a concluir que o salto mais ade-
quado para a grande valsa seria um acréscimo de 3% a 4%. Para não
haver bate-boca dentro do salão, reduziu o salto um pouco abaixo do
anterior, que era de 4,8%. A redução se deve, em grande parte, à sime-
tria da economia mundial.
A despeito da simetria mundial, o Brasil, nação que soube dançar a
farta valsa tocada entre 2003 e 2008 pelo mercado mundial, adquiriu
bônus suficiente para levar quem quiser ao baile de encerramento.
Mesmo sofrendo com calos, desenvolvidos durante a rápida passagem
da crise mundial pelo seu território, o País adentrará ao baile com pinta
de “Seu Doutor” e provavelmente com um salto (alto) de 7% em sua
economia.
Para combater a crise, o País (e sua sociedade) foi instigado, por meio
de suas lideranças, a não parar de comprar – uma heresia aos eco-
nomistas de plantão? –, assegurando, assim, seus empregos. Hoje
subimos ao palco com uma condição sem igual nos últimos 25 anos.
Podemos tocar ao ritmo da inflação sem tensão e nossos pares não
estão mais sozinhos.
E caso nasça uma discussão, somos da banda democrática, que canta
em alto e bom som a liberdade de expressão. Claro que no meio do
salão há quem queira dominar e manipular a informação, mas confisco
é uma palavra que felizmente foi eliminada.
Um convidado falou que os objetivos traçados para a área econômica
serão razoáveis. Anseia-se por um controle do déficit fiscal e conse-
quente redução da relação dívida e Produto Interno Bruto (PIB). Talvez,
a valsa escolhida pelo Brasil convença o Banco Central de que terá o
suporte fiscal do Ministério da Fazenda para reduzir taxa de juros reais
para 2,5% a 3%. Só assim o câmbio se ajustará naturalmente.
Outro convidado acredita que o câmbio, hoje, é um ativo fixo financeiro
do País e colocou o Brasil no radar de 140 na-
ções. Durante o mês de abril de 2010, a média
de transações internacionais (em real) foi de
R$ 28 bilhões... ao dia.
Espera-se que o (a) maestro equipare a taxa de
juro interna com a externa. Assim, pela lógica,
ao trocar de marcha, o câmbio não sentirá so-
lavancos fortes. Aguarda-se também que bes-
teiras cambiais realizadas nos últimos 30 anos,
como congelamento cambial e ferramenta de
controle da inflação, sejam retiradas da pista.
Caso a taxa de juros não chegue ao nível inter-
nacional não há instrumento tocável que per-
mita o afinamento da taxa de câmbio. Espera-
se ainda que o financiamento da dívida pública
no overnight seja erradicado.
É bom acabar com aquilo, não somos nenhum
pai-joão. Para não haver bate-boca dentro do
salão.
Saudações Graphprintenses.
Fábio Sabbag