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PANORAMA
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Destaca-se também o aumento da receita de
exportações, um dos principais impactos ne-
gativos da crise financeira internacional no
setor no ano passado: com crescimento es-
timado de 33%, deve totalizar US$ 6,7 bilhões
– só a receita de exportações de celulose
deve registrar 41,2% de aumento, chegando
a US$ 4,7 bilhões. “São resultados significati-
vos que mostram que o setor está bem posi-
cionado tanto no mercado nacional como no
internacional. Acreditamos que a tendência
de crescimento se mantenha nos próximos
anos”, afirma Horacio Lafer Piva, presidente
do Conselho Deliberativo da Bracelpa.
Além disso, favorecem o novo ciclo de ex-
pansão da indústria, anunciado em setembro
do ano passado, os investimentos de US$ 20
bilhões até 2020, com o objetivo ampliar a
base florestal em 45%, passando dos atuais
2,2 milhões de hectares de florestas plantadas para 3,2 milhões
de hectares, enquanto a produção de celulose terá aumento de
57% e a de papel, 30%, chegando, respectivamente, a 22 milhões
de toneladas e a 12,7 milhões de toneladas. Os investimentos
também devem dobrar, em dez anos, a receita de exportações,
chegando a US$ 13 bilhões.
As perspectivas para o setor nos próximos anos são bastante oti-
mistas e se baseiam na expectativa do aumento de consumo de
papel e maior dinamismo econômico de mercados emergentes –
China, Índia, Rússia, Leste Europeu e América Latina. “Estima-se
que a demanda mundial de celulose de fibra curta cresça em mé-
dia 3% ao ano, até 2025, enquanto a demanda por todos os tipos
de papel, principalmente os de embalagem e para fins sanitários,
aumente 1,5% nesses 15 anos. O Brasil, pela qualidade dos pro-
dutos e seus atributos de sustentabilidade, será um player cada
vez mais importante neste mercado altamente competitivo”, ex-
plica Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Bracelpa.
Apesar do cenário bastante favorável, Elizabeth reforça que o setor
enfrentará vários desafios nos próximos anos. Em relação à agenda
mundial, a busca de uma economia de baixo carbono deve gerar
oportunidades ao Brasil e, consequentemente, ao setor. Por isso, a
participação nas negociações climáticas, visando à inclusão dos
créditos de carbono florestais como mecanismo para compensar
emissões, é questão fundamental. “Porém, está cada vez mais claro
que a conciliação de interesses, especialmente
dos Estados Unidos e da China, definirá o peso
das negociações climáticas e do desenvolvi-
mento econômico”, reforça Elizabeth. Além
disso, na sua avaliação, é preciso acompanhar
o recrudescimento de medidas protecionistas
que prejudicam a competitividade, principal-
mente dos países emergentes.
Em relação à agenda nacional, a questão mais
imediata é a definição de medidas para cor-
reção do câmbio. Além disso, para a Bracel-
pa, o novo governo também deverá priorizar
a redução da carga tributária, com a deso-
neração plena de investimentos; promover a
devolução dos créditos de ICMS acumulados
na exportação, criar um regime especial que
interrompa a geração de créditos tributários
nas exportações e, também, adotar medidas
para a desoneração plena das exportações.
Outro ponto fundamental é a eliminação de
gargalos nos principais modais de transporte – portos, ferrovias
e rodovias – o que, ao lado de investimentos privados, permitirá o
avanço do setor. A Bracelpa elaborou um estudo que apontou as
obras prioritárias em todo o País, como modernização de portos,
duplicação ou triplicação de estradas e novos ramais ferroviários,
entre outros projetos. “Essas obras são fundamentais para viabili-
zar os investimentos anunciados e aumentar a competitividade do
setor”, afirma Horacio Lafer Piva.
Celulose e papel brasileiros garantem
investimentos seguros
A produção brasileira de celulose deve
crescer 5,1% em 2010 em comparação
a 2009, chegando a 14 milhões de
toneladas; produção de papel deve
registrar 3,4% de aumento, alcançando
a marca de 9,8 milhões de toneladas,
segundo estimativas de Associação
Brasileira de Celulose e Papel
(Bracelpa)