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ARTIGO
GRAPHPRINT JUN 11
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*Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é
presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica
(Abigraf Nacional) e do Sindicato das Indústrias Gráficas
no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP)
A frase em latim do título (“Palavras voam, a escrita permanece”) sintetiza, com
absoluta precisão e coerência, as respostas àqueles que continuam céticos com
relação à sobrevivência e ao crescimento da indústria gráfica ante o advento
das mídias digitais. Ambas não são concorrentes, mas meios complementares
destinados a prover informação, conhecimento, educação, cultura, emoção e
entretenimento.
A comunicação impressa, contudo, desfruta do consenso mundial quanto à con-
fiança depositada nos conteúdos. Afinal, a cultura da presente civilização foi
construída com tinta sobre o papel. As pessoas tendem a acreditar mais no que
leem, veem e tateiam nos impressos. No livro “Interactivity by design - Creating &
Communicating with New Media”, de Ray Kristof e Amy Satran, os autores obser-
vam: “Por causa de sua idade e maturidade, o impresso tem o poder de atribuir
credibilidade às informações. Qualquer conteúdo pertencente a um material im-
presso é rapidamente aceito como verídico. O impresso é um meio de expressão
extremamente rico. Livros, revistas ou catálogos apresentam conteúdo organiza-
do para o leitor, através simplesmente de tamanho, formato e layout.”
De fato, neste momento de grandes transformações no Planeta, com produção
compulsiva de conteúdos e multiplicação de mídias, incluindo a internet, a con-
fiabilidade no impresso confere peculiar diferencial mercadológico à indústria
gráfica. Esta, felizmente, tem conseguido responder à demanda e expectativa,
com o aporte de novas tecnologias, mesclando o digital e o analógico, enrique-
cidas com novos acabamentos, texturas, formatos e cheiros, de modo a atender
às crescentes exigências mercadológicas.
O setor parece ter cada vez mais consciência estratégica sobre a importância
do serviço que presta, num processo de reconhecimento tácito ao valor de seu
produto e trabalho. Isto, porém, amplia as exigências! Significa priorizar qua-
lidade, atendimento e capacidade de oferecer soluções amplas e criativas aos
clientes. Sobretudo, implica a imensa responsabilidade de quem produz infor-
mação para a posteridade!
Sim, o papel é perene, como testemunham livros muito antigos, dentre eles
alguns exemplares da Bíblia remanescentes da primeira impressão feita pelo
germânico Johannes Gutenberg, inventor da prensa com tipos móveis, que de-
mocratizou o acesso à leitura em meados do século 15. Uma dessas obras de arte
encontra-se na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, em ótimo estado de con-
servação. Os impressos também apresentam baixo custo de arquivamento, são
recicláveis e têm matéria-prima renovável (no Brasil, 100% do papel destinado à
indústria gráfica advêm de árvores provenientes de florestas cultivadas).
Não é sem razão que o ensaísta e escritor italiano Umberto Eco, com a autorida-
Verba volant, scripta manent
Por Fabio Arruda Mortara*
de que lhe confere sua biblioteca de 50 mil vo-
lumes, referenda de modo enfático a frase latina
sobre a longevidade da tinta sobre o papel: “Ele-
trônicos duram 10 anos; livros, cinco séculos”. Tal
crença, aliás, lhe valeu convite do colega francês
Jean-Phillippe de Tonac para analisar o estimulan-
te tema com outro irredutível e aficionado biblió-
filo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière. O
resultado do feliz encontro foi uma interessante
obra cujo título não deixa qualquer dúvida: “Não
contem com o fim do livro”. É ler pra crer!
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