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ARTIGO
GRAPHPRINT OUT 11
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Com o lançamento da nova versão do iPad e a consequente formação
de flas que vararam a madrugada em diversos países mundo afora,
formadas por consumidores ansiosos em adquirir mais uma novidade
eletrônica, reacendeu-se a discussão em torno do impresso x eletrônico.
Em termos de ecologia, será mesmo que o livro online é mais amigável
ao meio ambiente? Os entusiastas da nova tecnologia não estarão, em
sua euforia, esquecendo alguns fatores que vale a pena analisar?
Pesquisa encomendada pela Hachette Livre, a maior editora francesa,
do grupo Largardere, comparou os livros em papel com os e-readers e
constatou que, ambientalmente, considerando a realidade francesa, um
e-reader só seria melhor ecologicamente que o livro em papel se o usu-
ário lesse mais de 80 livros por ano. Segundo a pesquisa, que comparou
a pegada de carbono de um livro em papel e a de um livro eletrônico, o
primeiro é menos prejudicial ao meio ambiente. Pelo menos até agora.
Com o e-book ou livro eletrônico pode-se carregar uma biblioteca inteira
em uma pequena unidade de 20cm com peso inferior a 300g. Parece
muito bom, não é? Menos papel, menos árvores derrubadas, menos cai-
xas transportadas por caminhões de entrega poluentes.
Essa ideia é comum, mas falsa: pela pesquisa da Hachette Livre, editor
que representa um quarto da produção francesa de livros, o e-book é
ecologicamente menos correto do que o livro tradicional.
Se levarmos em conta todos os materiais utilizados na construção dos
e-books (chips, tela, bateria), o transporte dos equipamentos – muitas
vezes produzidos na China –, a entrega nas lojas, a eletricidade consu-
mida para a sua utilização (carregamento das baterias, os servidores
onde os livros são armazenados como arquivos), e a reciclagem no fnal
da vida exibem um recorde de 240kg, de acordo com uma estimativa da
Carbon 4 a partir de avaliações feitas pela ADEME (agência europeia do
ambiente e gestão de energia) para computadores.
Seriam 80kg por ano, calculando a vida útil do dispositivo, de três anos.
Então, a menos que você leia 80 livros por ano, um nível além do alcan-
ce da maioria dos leitores no mundo inteiro, o livro de papel é menos
prejudicial ao planeta.
A pesquisa, coordenada pela Carbon 4, concluiu que todas as emissões
de gases do efeito estufa emitidos no ciclo de vida dos livros publicados
pela Hachette na França foi de 178 mil toneladas de dióxido de carbono,
para 163 milhões de cópias em um ano, peso equivalente a pouco me-
nos de um por quilo, em média, com variações dependendo de um livro
de bolso (algumas centenas de gramas) ou um bloco grande de várias
centenas de páginas (de alguns quilos).
O livro de papel ainda é o
mais ambientalmente correto
Por Dieter Brandt*
O diretor de comunicação da Hachette e organizador do
comitê de direção do grupo de desenvolvimento susten-
tável, Isso Blunden Ronald, comentou: “Ouvimos mais de
uma vez que o e-book deteria a destruição das forestas”,
diz ele. Embora mais de 40% das emissões provenientes
da produção de um livro sejam por conta do papel, 17%
vêm de impressão e 8% de transporte de mercadorias
entre papelarias e impressoras.
No caso do papel, segundo informações de campanha
realizada pela Associação Brasileira da Indústria Gráfca
(Abigraf) e mais 19 entidades de classe representativas
da cadeia produtiva da comunicação gráfca, todo o pa-
pel utilizado para impressão no Brasil vem de forestas
cultivadas, isto é, as árvores cortadas são replantadas.
Nenhuma árvore nativa é derrubada no País para a pro-
dução papeleira!
Claro que as novas gerações de e-books virão mais ver-
sáteis. No futuro, será possível ler alguns livros por ano e
os jornais diários em seu e-book para ter uma pegada de
carbono equivalente a uma leitura no papel.
Mas hoje, com exceção daqueles que vão devorar dezenas
de títulos em um mês, o comportamento ambientalmente
correto é continuar com os tradicionais livros de papel.
*Dieter Brandt é presidente da Heidelberg para a América do Sul