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Panorama
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Segundo Francisco Valério, diretor industrial e engenharia da Fi-
bria, “se o setor quiser ser vencedor terá que mudar a regra do
jogo, trabalhando na redução de 10% até 15% dos custos, como
os insumos químicos e a energia”. A formação de pessoal capaci-
tado, em sua avaliação, é outro desafio da competitividade.
O presidente da Voith Paper América do Sul, Nestor de Castro Neto,
destacou que o setor vem desenvolvendo esforços para elevar a
produtividade com o investimento em tecnologias e equipamentos
que possibilitem reduzir o custo de energia. “Há projetos já em
implementação que reduzem em 25% o consumo de energia por
meio da queima menor de lignina, o que permite produzir mais
subprodutos derivados desse insumo”, afirmou Castro Neto.
A redução desses custos é fundamental para que o setor continue
crescendo, ressaltou Carlos Farinha e Silva, VP executivo do Grupo
Pöyry e um dos maiores especialistas do setor. “Uma questão que
se coloca para o setor é se corremos o risco de desindustrializar
o parque de papel”, observou ele, reiterando que os fatores de
risco são a possível baixa do dólar, a complexidade dos impostos
e do sistema tributário, a concorrência dos importados, destaca-
Carlos Farinha e Silva, VP
executivo da Pöyry: “A
indústria brasileira tem um
parque de celulose com
unidades de topo de linha,
modernas e competitivas
internacionalmente, e as
indústrias de papel, embora
a maioria seja de pequenas e médias companhias,
também têm uma escala razoável e algumas
unidades competitivas.”
Airton Leonardi,
presidente da ABTCP:
“A burocracia tributária
custa 56% mais que os
gastos com pesquisa e
desenvolvimento.”
A burocracia tributária, lembra Airton Leonardi, presidente da AB-
TCP, custa 56% mais que os gastos com pesquisa e desenvolvi-
mento. Até mesmo os esforços para reduzir o custo de energia, por
meio da geração pela biomassa, são afetados pela carga tributá-
ria. “Somos competitivos em biomassa, mas a carga de impostos
reduz essa vantagem”, observa o presidente da Suzano.
Amoroso, presidente do
Grupo Orsa: “Os balanços das
empresas abertas que são
grandes exportadoras do setor
assustam pela quantidade de
pagamentos de PIS, Cofins,
sem falar no imposto sobre
investimento.”
damente em função da China, a infraestrutura insuficiente e inefi-
ciente, além das leis trabalhistas.
Nesse cenário, o VP executivo da Pöyry aponta duas tendências: os
grupos nacionais tirando foco do papel e concentrando a atuação
em celulose e o setor de papel para embalagens dominado por em-
presas nacionais. Apesar dos desafios citados, Carlos Farinha e Sil-
va observa que a indústria brasileira de celulose e papel é um setor
forte e jovem, que deve manter uma boa taxa de crescimento em
um mercado aparentemente sólido.
“A indústria brasileira tem um parque de celulose com unidades de
topo de linha, modernas e competitivas internacionalmente, e as
indústrias de papel, embora a maioria seja de pequenas e médias
companhias, também têm uma escala razoável e algumas unidades
competitivas”, afirma VP executivo da Pöyry. “O setor precisa asse-
gurar sua competitividade na base florestal e reforçar a disciplina
na implantação de novos investimentos”, completou ele.