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Panorama
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Em um cenário internacional repleto de dúvidas quanto aos desdobramentos da crise internacional e seus impactos sobre a economia
brasileira, o ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria, Maílson da Nóbrega, deu um recado positivo para os mais de 300
executivos do setor de celulose e papel que participaram do Panorama Setorial, um dos seminários mais esperados do congresso.  “O
maior risco para o Brasil, no atual cenário, é o baixo crescimento”, afirmou, ao mostrar que esse risco, em um mercado internacional
caracterizado por grande instabilidade e insegurança, tanto em função da situação da Europa quanto dos EUA, é o de menor impacto.
“O mercado tem oscilado entre a euforia e o pânico, e o cenário, se agravado em função das análises sobre a economia americana, com
os resultados econômicos do segundo trimestre apontando na direção contrária à recuperação esperada, e a situação da crise europeia,
com a ameaça de contágio da Itália e Espanha”, lembrou Maílson da Nóbrega.
Ele observou que os mercados têm se questionado quanto à possibilidade de ocorrer um novo 2008, hipótese essa que parece distante, por
diversos fatores: não há mais bancos paralelos nem papéis tóxicos, como há três anos; a alavancagem dos bancos é muito menor e não há
travamento do crédito. Os fatores que poderiam detonar uma nova crise financeira – a qual impactaria mais fortemente o País – seriam o
calote da dívida grega, a quebra de algum grande banco europeu e a desaceleração da economia chinesa, com efeito sobre os mercados
mundiais e as exportações brasileiras, lembrando que 17,5% das vendas externas do País já têm como destino a China.
Hoje o Brasil tem um sistema financeiro sólido, estruturado, estabilidade maior e uma situação macroeconômica fundamenta-
da no câmbio flutuante, no Banco Central autônomo, em superávits primários no setor público e em reservas internacionais
superiores à dívida externa. Ou seja, o País está mais preparado para enfrentar a crise.
Nesse contexto, as tendências para o cenário econômico brasileiro – e para o setor de celulose, que exporta grande parte
de sua produção e vinha sendo afetado pela desvalorização do dólar – são de uma taxa de câmbio em alta, com o dólar
situando-se em R$ 1,75 ao final deste ano e em R$ 1,65 ao final de 2012; forte superávit da balança comercial, ao redor
de US$ 28 bilhões em 2011; uma taxa de desemprego em baixa, mesmo com o PIB crescendo em torno de 3%, a força
de trabalho se expande apenas em 1,5%, o que reduz o desemprego; as taxas de juros (Selic) em baixa; e
uma economia em ritmo menos acelerado, mas ainda atraindo o capital estrangeiro, que deve somar R$
60 bilhões em investimento este ano.
“O Brasil cruzou o Rubicão – ou seja, não tem mais risco de retrocesso, e deverá se beneficiar da
estabilidade econômica e política”, afirmou o ex-ministro, descartando o risco de instabilidade
– uma ameaça maior que poderia afetar mais fortemente o País e todo o mercado
internacional.
brasileira, é possível recuperar pelo menos 20% do mercado. E para
tanto, estão sendo criadas novas normas para embalagens (sacos e
sacolas) de papel, cujo objetivo é padronizá-las em quesitos como
tamanho, qualidade, segurança e economia.
Atualmente, no Brasil, o setor de celulose e papel possui 222 empresas
atuando em 539 municípios, e é o quarto maior produtor de celulose
do mundo; são mais de 2,2 milhões de hectares de áreas plantadas,
2,9 milhões de florestas preservadas, com boa parte dessas florestas
certificadas, o que tambémdemonstra a preocupação da indústria para
com a sustentabilidade do setor. Há reciclagem de 43,5% da produção,
com os números sempre crescendo nos últimos 20 anos.
A indústria de celulose e papel atualmente emprega 113 mil traba-
lhadores diretos no Brasil, exporta o equivalente a US$ 6,8 bilhões
por ano e pretende investir US$ 20 bilhões no setor nos próximos dez
anos. No Brasil, são produzidas anualmente 524,2 mil toneladas de
embalagens de papel.
Ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega:
“O maior risco para o Brasil, no atual cenário,
é o baixo crescimento”
Fonte: GP Comunicação