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GRAPHPRINT MAR 12
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ENTREVISTA
GRAPHPRINT: Conte-nos, não esconda nada, sobre o
prognóstico elaborado?
Costa:
Fizemos uma análise primeiramente do quadro eco-
nômico dos países. Depois, entramos em contato coma as
associações e os empresários gráficos mais representativos
dos respectivos países. Entrevistamos, montamos, trocamos
ideias e definimos o panorama geral. A grande vantagem é
que viajamos por todos os países da América Latina, pois
temos clientes ou fazemos apresentações neles.
Na realidade, o prognóstico mostra que temos seis países –
Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, México e Peru – que osten-
tam 90% do mercado de impressão. A Venezuela, por exem-
plo, tem importância econômica, mas na área gráfica mais
importa do que produz.
Chegamos então à conclusão de que é o momento da Amé-
rica Latina. Assim como em várias outras indústrias, na área
gráfica há uma tendência de crescimento distinta quando
comparada com mercados maduros, como Estados Unidos,
Canadá, Japão e Europa Ocidental. Nesses países, o setor
gráfico é mais estabilizado e o mercado cresce menos do que
o crescimento da economia. Neles há ainda a substituição de
produtos impressos por eletrônicos, bem mais forte do que na
América Latina.
A América Latina, em função do incremento da quantidade de
consumidores, ainda tem um acréscimo de produtos tradicio-
nais da área gráfica. A elevação das classes sociais no Brasil,
por exemplo, além de evidentemente aumentar o consumo,
faz as pessoas abrirem conta em banco, há maior emissão de
cartão de crédito, disparam as vendas de celulares, carros,
cosméticos, entre outros
Mesmo assim o consumo médio de produtos impressos ainda
é muito menor do que os níveis atingidos nos EUA e na Euro-
pa Ocidental. E, possivelmente, não chegaremos a esse nível.
No passado havia o pensamento de que a indústria gráfica
do Brasil evoluiria com o objetivo de atingir o grau de outros
países desenvolvidos. Particularmente acho que dificilmente
vai acontecer e ao mesmo tempo, apesar de ser um mercado
crescente, o processo de substituição do material impresso
vai impedir que isso aconteça. É uma questão de tempo.
Por outro lado há ainda as diferenças culturais. O Brasil é
um país que não foi educada por meio da leitura, sempre fo-
mos alimentados pelo rádio e depois pela televisão. Os EUA,
por exemplo, têm o predomínio de protestantes, uma leitura
de Bíblia mais comum e, claro, o próprio nível de educação,
bem superior. E o nível de educação é relacionado ao grau de
consumo. Mesmo crescendo, com o processo de substituição
de tecnologias, dificilmente chegaremos ao mesmo patamar.
Mesmo assim, como curva de crescimento, a nossa é mais
forte e deve continuar assim nos próximos cinco anos.
GRAPHPRINT: Até porque os países comparados com o
Brasil já cresceram onde tinham de crescer...
Costa:
Exatamente, têm o mercado estabilizado. E por terem
mercado estabilizado e antigamente fragmentado em termos
de gráfica a indústria desses países, com o tempo, foi sendo
consolidada. As gráficas passaram a comprar outras gráficas
com o intuito de constituírem grupos maiores e obterem fa-
tias mais significativas de mercado.
O movimento de aquisições deverá crescer nos próximos
anos, tanto no Brasil como na América Latina também. Já vi-
“Assim como em várias outras indústrias,
na área gráfica há uma tendência de
crescimento distinta quando comparada
com mercados maduros, como Estados
Unidos, Canadá, Japão e Europa Ocidental.
Nesses países, o setor gráfico é mais
estabilizado e o mercado cresce menos do
que o crescimento da economia. Neles há
ainda a substituição de produtos impressos
por eletrônicos, bem mais forte do que na
América Latina.”
“O movimento de aquisições deverá crescer
nos próximos anos, tanto no Brasil como na
América Latina também. Já vivemos isso
na área de embalagem a um bom tempo.
A grande questão é que a embalagem,
que acondiciona o produto de consumo,
está diretamente ligada a grandes contas
internacionais e quem acaba consolidando
o segmento é o próprio cliente, que força os
fornecedores a se tornarem mais fortes.”