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Artigo
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existimos apenas para espelhar as fragilidades de uma
política social carente de mudanças, não existimos
apenas para revelar as condições precárias de comer-
cializar livros em um país de baixa renda e de renda
mal distribuída, de um país com alto índice alarmante
de alfabetizados funcionais. As livrarias se apresentam
como parte da solução para problemas estruturais de
nosso país. É preciso envolver as livrarias nas políticas
públicas de incentivo ao livro e à leitura. É necessário
superar o quadro que revela a existência de produções
demais e leitores de menos.
É inimaginável um país que concentra nas grandes
metrópoles a distribuição da leitura e, ao mesmo tempo,
alardeia que o livro é fundamental para o desenvol­
vimento. As poucas livrarias independentes que ainda
resistem, seguem ameaçadas pelo “canibalismo” das
lojas virtuais, pela concorrência predatória das grandes
redes, assim como de algumas editoras. É notável a rica produção literária
que temos, tanto das grandes como também das pequenas e médias
editoras.
Se o mercado insistir em privilegiar as grandes superfícies, certamente te-
remos em, no máximo cinco anos, o fechamento das poucas livrarias in-
dependentes que ainda resistem. Com isso as grandes redes ficarão ainda
mais concentradas em grandes centros e comercializando somente aqueles
produtos (não necessariamente livros) que geram expressivos números fi-
nanceiros. O que, convenhamos, tem chamado a atenção de grandes inves-
tidores internacionais. É isso que queremos?
A Associação Nacional de Livrarias (ANL) não é contra nenhum crescimen-
to e desenvolvimento das grandes superfícies, mas que essa expansão
não permita o fechamento das pequenas e médias livrarias, pois elas não
benéficas em todas as regiões, favorecendo a bibliodiversidade. O merca-
do livreiro, particularmente as pequenas e médias livrarias, pede ética ao
mercado para que possamos ter a esperança de que estamos construindo,
efetivamente, um país de leitores.
Novamente, a Associação Nacional dos Distribuidores de Papel (Andipa) vem alertar
aos consumidores sobre os riscos que correm os compradores de papéis comerciais
a preços baixos. O que é apresentado como negócio de oportunidade, cedo ou tarde
será identificado como a ponta de uma operação fraudulenta e o comprador terá de
acertar as contas com a Justiça, seja ela fiscal ou criminal. Exemplo disso mostra a
reportagem do jornal Valor sobre a “Operação Pirâmide de Papel”.
A imunidade do papel destinado à impressão de livros, revistas e periódicos equivale
à diferença que varia entre 35% e 50% no valor do papel, dependendo o tipo e aplica-
ção. Esse percentual legal de incentivo ao segmento editorial é usado como margem
pelos fraudadores, que “transformam papel imune em comercial” e oferecem preços
baixos.
Reforçamos: os mecanismos legais disponíveis hoje permitem a fiscalização total da
cadeia do papel, independentemente de sua destinação final. A ação das autoridades
não se restringe ao papel imune. A nota fiscal cumpre a função de rastrear a mer-
cadoria e corre alto risco aquele que registra em sua empresa um documento que
camufla fraude.
Por isso, a recomendação da Andipa é de que todos fiquem atentos à origem da nota
fiscal e à história e reputação da empresa vendedora. Uma negociação cuidadosa
evita transações com “laranjas” e garante preço justo e legal.
O barato que sai caro
Por Vitor Paulo de Andrade*
*Presidente do Conselho Diretor da Associação
Nacional dos Distribuidores de Papel (Andipa)