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ARTIGO
GRAPHPRINT ABR 12
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Os participantes do 15º Congresso Brasileiro da Indústria Gráfica (Congraf), rea-
lizado em Foz do Iguaçu no final do ano passado, puderam participar de uma en-
riquecedora reflexão sobre os rumos que o nosso setor vem cursando no País.
Prova disso foi a mudança conceitual que marcou a concepção do evento, que pela
primeira vez deixou as discussões de aspectos cotidianos um pouco de lado para
olhar de forma mais abrangente as perspectivas de futuro para toda a cadeia da
comunicação impressa.
A grade de palestras refletiu claramente essa inflexão na maneira de organizar o
Congraf, que a partir desta edição certamente será lembrado como “summit” da
indústria gráfica brasileira e, provavelmente, de toda a América Latina. No entanto,
mais animador do que o conteúdo dessas excelentes apresentações, o que nos
deixa otimistas e certos de que avançaremos muito são as conclusões a que che-
gamos ao fim do congresso.
Os fatos não podem ser negados, e é verdade que: (1) vivemos um momento de
mudança paradigmática na comunicação; (2) nas economias maduras a retração
da indústria gráfica é visível; (3) a indústria da comunicação eletrônica investe
pesadas somas em campanhas de marketing para convencer o consumidor de que
seus produtos são “limpos”, o que leva muitos a concluir, por exclusão, que a co-
municação impressa é prejudicial ao meio ambiente.
O que vimos no Congraf é que podemos reverter cada um destes pontos se formos
perspicazes e criativos. Portanto, não poderíamos deixar de lembrar que: (1) o sur-
gimento de novas mídias não diminui a importância da comunicação impressa, que
continua a ocupar a escala máxima no quesito credibilidade da informação. É nossa
tarefa descobrir como explorar essa característica, sempre tendo em vista que não
há outra saída a não ser coexistir com as diferentes mídias.
(2) Se nos EUA e na Europa a indústria gráfica vem passando por um processo de
retração, no Brasil e em outros países emergentes o cenário será, por muito tempo,
de crescimento. Vale destacar que, nesses mercados, a renda da população está
em crescimento e o déficit educacional ainda é elevado. Na medida em que este
segundo cenário começa a ser revertido, a superação do analfabetismo funcional,
somada a uma maior disponibilidade de recursos financeiros, tende a elevar o con-
sumo de bens editoriais como livros, revista e jornais. Ou seja, ainda há um vasto
espaço de crescimento para a nossa indústria nestes segmentos.
Por fim (3) é nossa obrigação melhorar a comunicação com os consumidores e
a sociedade como um todo, no sentido de mostrar que não causamos danos ao
meio ambiente mais do que a indústria da tecnologia da informação. Pelo contrário,
Indústria gráfica unida
pelas oportunidades
do século 21
Por Reinaldo Espinosa*
nosso principal insumo, o papel, é um bem
facilmente reciclável e proveniente de uma
atividade altamente sustentável, o manejo de
florestas. Por outro lado, fica cada vez mais
claro que o verdadeiro problema ecológico de
nosso tempo é como dar fim às toneladas de
lixo tecnológico descartadas diariamente em
todo o planeta.
Tudo isso não teria importância, no entanto,
se não fôssemos capazes, enquanto indús-
tria, de nos unir em torno de objetivos em
comum. O que o último Congraf provou foi
exatamente a capacidade de mobilização do
nosso setor. A Carta de Foz do Iguaçu, lan-
çada ao fim do congresso, é o exemplo mais
cristalino dessa característica. O documento,
que procura mostrar como a indústria gráfica
brasileira pode contribuir para o desenvol-
vimento do Brasil, foi assinado por todos os
presidentes regionais da Associação Brasilei-
ra da Indústria Gráfica (Abigraf) presentes na
cidade paranaense. E sem essa coesão não
seremos capazes de transformar essas ame-
aças em oportunidades para todo o setor.
*Empresário gráfico, é presidente da ABTG
(Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica).