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GRAPHPRINT MAI 12
EDITORIAL
No andar da carroça,
o jerimum se acomoda
Num cenário circunstante de obstáculos, a drupa tem o mérito de instigar
lançamentos e mover o mundo gráfico. Não é segredo que a Europa – que
recentemente viveu a iminência da ruptura e ainda vive uma atmosfera de
incertezas quanto ao futuro de sua união e do euro – vem sendo corroída pelos
percalços da economia moderna.
No mundo globalizado, descobre-se paulatinamente, que conciliar leis, direitos
consolidados, normas internas e tradições ao sistema produtivo, financeiro,
de comércio e de serviços não é tarefa simples. Enquanto isso, nos países do
BRICS, os jerimuns que abarrotam a carroça, aos trancos e barrancos e ao
longo do trajeto, vão se ajeitando.
Voltando à drupa, receio que não iremos ver grandes e estupendos lançamentos.
O que de fato não quer dizer que não será um evento surpreendente. Ao contrário
do que acontecia em décadas passadas, hoje, nos países emergentes, pululam
equipamentos de ponta de parque em parque gráfico.
Na pré-impressão, os empresários adquiriram vorazmente as últimas tec­
nologias. Na área da impressão, as gráficas brasileiras estão afiadas, inclu­sive
com equipamentos de oito cores extremamente modernos. Até os tradicionais
gargalos no acabamento estão sendo exterminados. A Edições Loyola fechou
negócio com a Heidelberg e adquiriu a coladeira de lombada quadrada Eurobind
Pro. Com capacidade para processar até 6 mil livros por hora, o equipamento
é considerado o mais moderno de sua categoria e o primeiro a operar nas
Américas. Outro exemplo é instalação da linha de encadernação Müller Martini
modelo Acoro, que conta também com dispositivo de dobra de abas, além de
guilhotina de corte frontal em linha em funcionamento na empresa Registro
Certo, do Rio de Janeiro. Enfim, aqui não temos espaço para publicar todos os
investimentos concretizados.
Pela exposição à modernidade gráfica, na drupa os expositores terão de se
reinventar. Por meio de ferramentas exatas, terão de apresentar aos seus clientes
como ser a extensão do cliente deles. É chegada a hora de comprovar como
os produtos e serviços dos expositores, baseados na tecnologia, modificarão o
formato da produção. Pego carona na entrevista concedida por Hamilton Terni
Costa, diretor da ANconsuting, que conversou com o presidente da Heidelberg
e ouviu a seguinte afirmação: “A drupa vai ser o evento do repensar quais
serão os novos modelos e como, a partir da tecnologia, modificar a maneira de
produzir.” Também, modestamente, aposto exatamente nisso.
Evidentemente que a sustentabilidade será foco. Insumos como as tintas,
por exemplo, serão mostrados de outra maneira, pois hoje não há espaço
para inúmeros secadores que, ao longo da esteira, consomem energia de
forma inaceitável. Na drupa passada, o tema sustentabilidade fora ensaiado.
Quatro anos depois é até natural que, após os pesados investimentos em
busca de matérias-primas de fontes renováveis, aconteça a consolidação das
tendências. As perdas são execradas. Com 20 folhas, o material tem de começar
a ser impresso urgentemente. E isso, definitivamente, é sustentabilidade.
E, terminantemente, sustentabilidade irá à frente do volante, na condução
responsável das próximas gerações.
Não há como escapar da impressão digital. Ve­
remos, sim, em Düsseldorf, as modernas e compe­
tentes impressoras inkjet em pleno exercício da
função. Aqui puxo um ponto interessante: noto que o
gráfico ainda não liga muito para o ambiente digital.
Muitas oportunidades estão sendo perdidas, mas
sei também que o equipamento tem a fama de se
tornar obsoleto rapidamente. Logo, porém, os custos
terão de ser repassados. O Brasil está defasado na
questão digital, mas não é tarde, nem cedo demais,
para livrarmo-nos de preconceitos. Observem aten­
tamente a era digital.
Essa drupa vem para mostrar que já não é preciso
investimentos cavalares. O ato de repensar os novos
tempos não significa refletir unicamente na questão
do preço. Klaus Tiedemann, diretor da Gutenberg, em
entrevista para GRAPHPRINT, disse: “O mundo tem
de equilibrar o consumo e preservar seus recursos.
Antigamente, um produto era vencedor quando
reunia qualidade, rapidez e melhor preço. Hoje, o
produto é vencedor quando agrega sustentabilidade.
O preço, muitas vezes, não manda.”
Deixo claro que não torço contra a drupa. Espero que
o evento satisfaça seus visitantes e consiga galgar
novos horizontes, como sempre fez. Esqueçamos,
então, alertas de tempestades e vamos rumo à
drupa. Que rolem os fatos. Na carroça, o jerimum
se acomoda.
Saudações Graphprintenses
Fábio Sabbag