Page 13 - 129

Basic HTML Version

GRAPHPRINT JAN/FEV 13
13
ENTREVISTA
GRAPHPRINT: O ano de 2012 é para ser esquecido ou
para tirar lições práticas?
Mortara: Foi e está sendo agora em 2013 bastante complica-
do. Os dados levantados internamente são complicados de
digerir. Os números refletem a paralisia do governo brasileiro
e a perda de competitividade do nosso setor.
Há mais de um ano temos pedido medidas que possam con-
ter essa questão dramática junto ao governo, mas o próprio
governo tem sido um indutor do gargalo com a recente in-
clusão de seis ICMS de dois tipos de papel de imprimir entre
os produtos que passaram de 14% para 25% de imposto de
importação.
Já vivemos uma indústria com evidentes problemas de com-
petitividade e ainda somos sobretaxados no papel cartão e no
papel couchê, que são de extrema importância.
Vale destacar que a indústria gráfica obteve resultados pio-
res do que os verificados no restante da indústria brasileira.
Na comparação entre setembro de 2012 e o mesmo mês de
2011, a produção industrial medida pelo IBGE recuou 3,8%.
No fechamento do terceiro trimestre de 2012, o setor regrediu
2,8% frente ao período de julho a setembro de 2011. Nos nove
primeiros meses de 2012, o resultado foi negativo em 3,5%;
já na análise anualizada, a queda foi de 3,1%.
Segundo as projeções “econométricas” mais recentes, a in-
dústria gráfica deve amargar uma queda de 5,4% na produ-
ção em 2013, puxada, principalmente, por uma retração de
quase 4% no segmento editorial.
No caso do segmento editorial, por exemplo, dados do Minis-
tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) mos-
tram pequeno recuo de 2,4% nas importações de impressos
no período acumulado entre janeiro e novembro de 2012 na
comparação com o mesmo período de 2011. O resultado não
diminui a importância do segmento sobre o total de produtos
gráficos comprados no exterior. Os US$ 157 milhões de pro-
dutos editoriais importados entre janeiro e novembro equiva-
lem a 31% dos US$ 503,3 milhões importados até novembro
de 2012.
GRAPHPRINT: Toda ação gera uma reação. Fale das rea-
ções da Abigraf Nacional?
Mortara: Para responder a todos estes ataques, intensifi-
camos os contatos com os poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário no sentido de sublinhar a gravidade da situação e
propor medidas que possam ajudar a mitigar os efeitos nega-
tivos da falta de competitividade que acomete o setor.
Dentre os pleitos proposto pela entidade em nível nacional
estão: a inclusão de toda a indústria gráfica entre os setores
contemplados pela desoneração na folha de pagamento no
âmbito do Plano Brasil Maior; a extensão da alíquota zero do
PIS/Cofins para a atividade de impressão de livros no Brasil,
uma vez que o livro é produto imune e já não paga as contri-
buições quando vendido ou importado; a retirada da gravação
dos insumos que tiram a nossa competitividade.
Embora os resultados deste trabalho ainda estejam sendo
gestados, temos percebido uma crescente sensibilização
para o problema em ministérios estratégicos, como o da Fa-
zenda e o MDIC. Para ganharmos esta guerra, precisamos
continuar mobilizados para mostrar que é a saúde de mais de
20 mil empresas, responsáveis pela geração e manutenção
do emprego de aproximadamente 222 mil brasileiros, que
está em jogo.
GRAPHPRINT: Como o senhor enxerga o crescimento da
impressão digital no mercado gráfico e o impacto desse
segmento na indústria em geral?
Mortara: O crescimento da impressão digital é, antes de tudo,
um reflexo natural do desenvolvimento das tecnologias de
impressão. Mas é, também, um movimento alinhado com as
necessidades e características do tempo em que vivemos.
Afinal, estamos falando de uma era em que não se busca
mais comunicar ao “grande público”, e, sim, mira-se em pú-
blicos segmentados e nichos específicos. Assim, a impres-
são digital, por meio da impressão sob demanda, de baixas
“Os dados levantados internamente são
complicados de digerir. Os números
refletem a paralisia do governo brasileiro e
a perda de competitividade do nosso setor.”
“Há mais de um ano temos pedido medidas
que possam conter essa questão dramática
junto ao governo, mas o próprio governo tem
sido um indutor do gargalo com a recente
inclusão de seis ICMS de dois tipos de papel
de imprimir entre os produtos que passaram
de 14% para 25% de imposto de importação.”