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GRAPHPRINT ABR 13
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ENTREVISTA
GRAPHPRINT: A entrada da Amazon no mercado nacional no
início de 2013 pode mudar a regra do jogo com as gráficas.
A maior varejista online do mundo já articula a obtenção do
catálogo digital de grandes editoras brasileiras, para ope-
rar no País com uma abordagem inteiramente voltada para
a comercialização de livros virtuais. Acredita em queda nas
vendas do livro impresso?
Almeida:
A queda nas vendas do livro impresso não terá a ver
com um expressivo aumento das vendas de e-books, porque
numericamente isso não aconteceu, mas sim com a ocupação
de tempo dos leitores com outras mídias, como smartphones,
que permitem a leitura de qualquer coisa em qualquer lugar, o
tempo todo. Ler notícias ou posts de Facebook, por exemplo,
está ocupando um tempo que antes era também dedicado à
leitura de livros.
GRAPHPRINT: Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Eco-
nômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo, mostram que
em 2011 a comercialização de e-books não trouxe resultados
tão animadores, totalizando R$ 870 mil em vendas. Mesmo as-
sim, acredita que o livro impresso tem um fim próximo?
Almeida:
Não terá um fim. Basta que recordemos das outras
mídias que não substituíram suas antecessoras. O teatro e
o rádio não acabaram com o surgimento da tevê, como todo
mundo previa. O videocassete e a tevê a cabo não acabaram
com o cinema, mas é preciso observar que o surgimento de
uma modalidade nova exige que a anterior se recrie e mante-
nha o leitor ou espectador interessado nela. O livro e as gráfi-
cas devem passar por este processo, de transformar o objeto
em algo cada vez mais bem acabado, interessante, algo que o
tablet não pode oferecer da mesma forma.
GRAPHPRINT: Há investimentos previstos para o ambiente
digital?
Almeida:
Sim, mas ainda carecemos enquanto mercado de
investir mais num público que ainda não tem acesso ao livro
comum, que é infinitamente maior se comparado com a de-
manda de digital.
GRAPHPRINT: De acordo com a e-bit, empresa especializa-
da em informações do e-commerce, o comércio eletrônico
no Brasil deve crescer 25% em 2013, atingindo um fatura-
mento de R$ 28 bilhões. Acredita que as empresas, no caso,
as gráficas, estão preparadas, com líderes que tenham es-
tratégias sinérgicas com o ambiente digital?
Almeida:
Muito pouco. Há um longo caminho a ser trilhado.
Somente agora vejo movimentações que as tornem competi-
tivas em relação aos parques gráficos chineses e uruguaios.
GRAPHPRINT: A empresa aposta no mercado editorial?
Por quê?
Almeida:
Sim, porque há várias oportunidades ainda não
atendidas neste mercado, muitas que nós também estamos
nos esforçando para conseguir suprir, mas é um mercado
com potencial para crescer, tanto no livro físico quanto na sua
versão virtual. No rastro desse grande plano de investimen-
tos estamos criando novas áreas, reforçando departamentos,
aperfeiçoando processos com sistemas eficientes de esto-
que, logística e vendas. Nossa meta é crescer com qualidade
e aumentar a participação no mercado editorial.
“O livro e as gráficas devem passar por este
processo, de transformar o objeto em algo
cada vez mais bem acabado, interessante,
algo que o tablet não pode oferecer da
mesma forma.”
“Estamos fortalecendo nosso catálogo em
linhas-mestras, como música e gastronomia,
e criando novas áreas para ampliar a edição
de livros nas áreas de negócios, saúde e
ficção comercial.”