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Santiago: Não, o princípio da criação do Ipef foi promover a integra-
ção entre academia e iniciativa privada, o que é muito comum fora do
Brasil. O modelo que me vem à cabeça agora é o americano, no qual
o governo, a academia e a iniciativa privada compõem o trio numa
parceria muito eficiente. O Ipef talvez tenha sido o primeiro instituto
a trazer essa mentalidade para a área florestal e é muito comum nos
corredores do Ipef a interação entre privado e acadêmico.
GRAPHPRINT: Por outro lado, o que a IP pode proporcionar ao insti-
tuto?
Santiago: Falo do setor privado como um todo. O sucesso do Ipef foi
promover a interação entre setor privado e a academia. Infelizmente
no Brasil a academia não tem o suporte que a gostaríamos que tives-
se. Pode haver boa vontade, mas a academia sempre é privada de
recursos e é nesse ponto que entra a iniciativa privada, a empresa.
A academia entra com o conhecimento profundo, com sua excelen-
te massa critica, mas faltam recursos. Por outro lado, as empresas
têm os recursos, mas não conseguem a massa crítica acadêmica de
excelência que, no caso do Ipef, advém basicamente da USP. Quando
falo em recursos não quero dizer somente recursos financeiro, talvez
estes sejam a menor parte da contribuição da iniciativa privada.
Quando falo em recursos são de fato os ativos que as companhias
hoje têm e que permitem ao Ipef realizar pesquisas de ponta nessas
áreas. A IP, por exemplo, tem áreas no Estado de São Paulo, como
Mogi Guaçu, Brotas, Luis Antonio e São Simão, e o Ipef pode, por
meio do convênio, propor pesquisas específicas para as condições
da IP, assim como pode fazer para a Aracruz, na região do Espírito
Santo e na Bahia, áreas com outras culturas, outro tipo de ambiente
e condição social. Cada uma dentro da sua atividade fornece um
pouco para o Ipef para que o instituto, por meio da academia, tenha
acesso às condições únicas. No final o Ipef pode reunir uma quan-
tidade de informação grande e diversa do País. A parceria entre o
privado e o público é importante.
GRAPHPRINT: Aquela frase “pense no ambiente antes de imprimir”,
teremos, então, de dar cabo dela?
Santiago: Tivemos uma discussão bastante interessante aqui e de-
finitivamente essa frase não se aplica ao modelo de produção de
celulose e papel brasileiro. Pode até ser que em situações como a
americana ou asiática isso tenha algum fundo de verdade, mas no
caso do modelo brasileiro é a maior bobagem porque é exatamente
ao contrário. É possível imaginar o mundo sem papel? É possível
imaginar a evolução da sociedade se não existisse o meio físico cha-
mado papel? Eu diria que o papel está dentro das descobertas que
são marcos históricos, que permitiu a evolução do ser humano assim
como a penicilina permitiu a sobrevida e recentemente a internet
colocou todo mundo em contato, assim como também foi o rádio
no passado.
O papel é agente transformador da humanidade e talvez seja um dos
primeiros em participar dessa indústria. Tenho um orgulho tremendo
de fazer parte dela, de produzir um produto que foi agente de trans-
formação e melhoria de qualidade como um todo. Não veremos a
substituição do papel na minha nem nas próximas gerações.
“É possível imaginar o mundo sem papel? É
possível imaginar a evolução da sociedade se
não existisse o meio físico chamado papel? Eu
diria que o papel está dentro das descobertas
que são marcos históricos, que permitiram a
evolução do ser humano”
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GRAPHPRINT JUN/09