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ARTIGO
GRAPHPRINT AGO/09
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Por Thomaz Caspary *
Todos sabemos, que mais de 95% das perto de 19 mil grá-
ficas brasileiras são gráficas familiares, das quais, muitas
foram herdadas, outras constituídas através de profissio-
nais que saíram de empresas maiores e com seu fundo de
garantia ou em sociedade com familiares, amigos ou co-
legas de trabalho da mesma empresa, montaram a nova
gráfica. Sabemos também, que geralmente o nosso sócio
mais próximo, está na família, seja ele irmão ou cunhado,
ou mesmo a esposa ou o filho. É na família que se en-
contram em antagonismo, os maiores problemas que o
gráfico pode enfrentar e também, as maiores soluções e
proteções que o novo gráfico pensa poder conseguir.
Na vida empresarial, principalmente no ramo gráfico, mui-
tas vezes se encontram laços de família ou de amizades
de longa data, compartilhando de um mesmo negócio.
Mas até que ponto isso realmente vale a pena? Traves-
tido com o nome de segurança e garantia, ou por outras
razões que não nos cabem agora comentar, fruto de larga
experiência com empresas familiares, é muito comum um
empresário contratar um parente em detrimento de um
desconhecido qualquer mesmo que com maior experiên-
cia técnica ou administrativa. O empresário gráfico su-
bentende ou imagina, que seu parente não o lesará de
forma alguma, ou seja, um problema a menos com que se
preocupar. Será realmente verdade?
Os problemas colaterais de se contratar o familiar ou o
amigo de longa data surgem, porém, mais rápido do que
se pensa. O parente não consegue separar o ser profissio-
nal do ser parente e se dá ao luxo de transgredir normas
básicas de comportamento empresarial. Nem sempre o
parente é profissionalmente tão habilitado quanto um
outro qualquer, que seria escolhido de acordo com os re-
quisitos do cargo disponível, seja de sócio ou mesmo em
alguma função gerencial ou diretiva. Então, certamente já
teremos algumas dificuldades ou a perda da qualidade do
negócio, essencial nos dias de hoje. No início da relação,
o dono da gráfica deixa de cobrar do parente ou amigo
A gráfica
familiar
com o mesmo empenho, pois é um dos seus, a quem pen-
sa geralmente dever um respeito diferenciado. O sócio
ou gerente subalterno, por sua vez, como não é cobrado
exatamente na medida necessária, naturalmente tende a
relaxar ou simplesmente seguir suas próprias idéias, prin-
cipalmente porque imagina ter poucos riscos. Se alguém
“Na vida empresarial, principalmente
no ramo gráfico, muitas vezes
se encontram laços de família
ou de amizades de longa data,
compartilhando de um
mesmo negócio. Mas até que ponto
isso realmente vale a pena?”