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GIRO
GRAPHPRINT OUT/09
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A Afeigraf (Associação dos Agentes de Fornecedores de Equipamentos e
Insumos para a Indústria Gráfica) anunciou que está apoiando um novo
projeto social/educativo.
Depois do projeto Ler é 10 - Leia Favela, no Rio de Janeiro, a en-
tidade anunciou que está apoiando o projeto Livroteca Brincante
do Pina, idealizado pelo Centro Comunitário de Integração Artística
(CCIA) de Recife (PE).
Trata-se de um projeto de incentivo à leitura por meio da integração artís-
tica realizado no bairro que dá nome ao projeto (bairro do Pina) na capital
pernambucana. Foi idealizado pelo músico e poeta José Ricardo Gomes
Ferraz, popularmente conhecido como “Kcal”, há três anos.
Nele, são trabalhados e retrabalhados aspectos como autoestima e a prá-
tica da cidadania de jovens e adolescentes (de 5 a 15 anos), mostrando
formas de geração de renda através de atividades sócio-culturais. São
usados elementos da teoria construtivista que estimula o aprendizado
através da própria vivência das crianças atendidas.
“Numa comunidade carente de recursos e sem políticas públicas que
favoreçam nossas crianças e adolescentes, faz-se necessário a implan-
tação de projetos sócio-culturais. A falta de uma biblioteca pública na
zona sul do Recife (onde residem cerca de 25% da população total da
cidade) foi um dos principais motivos para o surgimento desse projeto. A
ideia serviria como apoio para desmitificar o ensino escolar formal fazen-
do com que sejam facilitadas as pesquisas escolares dos nossos jovens,
sem que tenham que deslocar-se para outros bairros para realizá-las”,
explica Ferraz.  
O próprio Ferraz sabe do que fala. Alfabetizado aos 15 anos, o artista
teve o primeiro contato com os livros através de exemplares velhos,
achados na rua. Com recursos próprios (e escassos), montou sua própria
“livroteca” na casa de palafita onde morava. Ali, transformou seu lar em
um espaço de leitura e acompanhamento escolar ao disponibilizar o seu
acervo, com ênfase na literatura infantil e infanto-juvenil e na poesia, para
crianças e adolescentes da comunidade.
Em 2006, com a ajuda de voluntários (artistas locais, colegas, amigos
e estrangeiros), foi criado o Centro Comunitário de Integração Artística,
o CCIA. atendendo cerca de 120 pessoas por dia (a maioria crianças e
adolescentes em situação de risco, já que o local é conhecido pelos altos
índices de miséria, analfabetismo, tráfico de drogas e violência), com o
intuito de oferecer, além de oficinas de leitura e poesia, atividades ligadas
ao teatro, música, desenho, jogos, brincadeiras, passeios e palestras.
Em outubro de 2008, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, escolheu a ini-
ciativa para lançar o 1º concurso nacional Pontos de Leitura e assinou um
convênio com o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife para melho-
rar a infraestrutura do local, catalogar o acervo e capacitar a equipe. O
projeto recebeu esse reconhecimento e se tornou o 1º Ponto de Leitura
do Governo Federal. Com a repercussão nacional, Kcal recebeu o 6º Prê-
mio Faz Diferença categoria “País,” promovido pelo jornal O Globo, do Rio
de Janeiro, entregue em março de 2009. Em abril deste ano, a Livroteca
saiu da palafita e foi transferida para uma casa de alvenaria na própria
comunidade, disponibilizada pela Prefeitura do Recife. 
Lá são promovidas diversas oficinas, cujos objetivos são estimular cria-
tividade, interesse pela arte e pela cultura; entre elas, estão oficinas de
“contação” de histórias, de desenho livre, artesanato, acompanhamento
escolar, teatro etc.
Para Karl Klökler, vice-presidente da Afeigraf e coordenador do grupo de
trabalho responsável por projetos sociais de incentivo à leitura, é obriga-
ção dos entes privados voltar os olhos para esse tipo de iniciativa.
“Num país grande e desigual como o Brasil, onde as necessidades mais
básicas de educação e cultura excluem um número muito grande de pes-
soas, projetos como a Livroteca Brincante, e outros que são baseados
na boa vontade de pessoas abnegadas, são de suma importância e é de
obrigação das entidades e da iniciativa privada dar apoio para que essas
ideias não morram. Sem educação, um país não muda”, disse.
Karl Klökler, vice-presidente da
Afeigraf e coordenador do grupo de
trabalho, responsável por projetos
sociais de incentivo à leitura:
“Num país grande e desigual como
o Brasil, onde as necessidades
mais básicas de educação e
cultura excluem um número muito
grande de pessoas, projetos como
a Livroteca Brincante, e outros que
são baseados na boa vontade de
pessoas abnegadas são de suma
importância e é de obrigação das
entidades e da iniciativa privada
dar apoio para que essas ideias
não morram. Sem educação, um
país não muda”
Afeigraf apoia novo projeto social em Recife
Com o objetivo de incentivar ações de cunho
social e educacional, a entidade fecha apoio
ao projeto do CCIA (Centro Comunitário de
Integração Artística).