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Ex-presidente da República afirma que aporte tecnológico ajudará indústria gráfica a enfrentar crise internacional

17/10/2008 - 00:10
Na quinta-feira (16/10), ao ministrar palestra no 14º Congraf (Congresso Brasileiro da Indústria Gráfica), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso citou os investimentos do setor em tecnologia e bens de capital como um dos fatores capazes de contribuir para que as empresas enfrentem com sucesso a crise financeira mundial. Evento realiza-se no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo.

Fernando Henrique salientou que, ao comemorar 200 anos no Brasil, desde a instalação da Imprensa Régia no Rio de Janeiro, em 1808, a indústria gráfica nacional mostra-se sólida, incluindo-se entre as dez maiores do mundo. Para ele, “os investimentos realizados pelas gráficas traduzem-se em mais competitividade e, portanto, melhores condições de enfrentar a crise financeira internacional”.

A opinião é coerente com as estimativas da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), promotora do congresso, de crescimento de 1,25% nos próximos seis meses. No período, o número de empregos deverá registrar expansão de 4,1% e os investimentos, 33,7%. Nos últimos anos, o setor praticamente renovou o seu parque de maquinas gráficas, tendo importado bens de capital no valor de US$ 1,43 bilhão, em 2007, ou 241% a mais do que os US$ 419,07 milhões aplicados no ano anterior.

Ao cabo de 2008, o crescimento previsto dos investimentos é de 28,20% em comparação com 2007. “Esse esforço de modernização tem garantido a competitividade e resultados positivos, como o aumento de 1,23% da produção, 3,4% do número de gráficas e 3,7% do volume de empregos, nos últimos 12 meses até outubro de 2008”, ressaltou Alfried Plöger, presidente nacional da Abigraf.

Citando o exemplo do setor gráfico, Fernando Henrique Cardoso observou que cada setor de atividade e empresa terá de encontrar soluções próprias para atravessar a crise iniciada com o crash das hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos. “Adequar-se às adversidades é imprescindível, pois a crise já chegou à economia real, depois de contaminar o sistema financeiro norte-americano e de numerosos países, comprometer a liquidez e afetar a confiança”.

Para o ex-presidente, embora as crises do capitalismo sejam cíclicas, será inevitável a reordenação do sistema financeiro internacional, visando a impedir o retorno de um problema tão grave quanto o presente. Segundo ele, é “sintomática a imensa disposição dos bancos centrais de todo o mundo em despejar dinheiro no sistema financeiro e no mercado; é um processo inédito na história da economia”, enfatizou, comparando com a quebra das bolsas em 1929, quando não houve esse tipo de socorro à liquidez e ao crédito, paralisando o sistema produtivo.

Segundo Fernando Henrique, o desfecho da crise financeira deverá ser político, pois, apesar de o problema econômico ser globalizado, as soluções são locais e nem sempre conexas. “É possível que se redefinam as lideranças mundiais, inclusive com a ascensão do Brasil e outros emergentes. Há um hiato de liderança no universo das nações. Os Estados Unidos perderam sua posição, principalmente por causa das guerras que promoveram nos últimos anos”.

O ex-presidente ressaltou, ainda, que o Brasil tem bons fundamentos para enfrentar a crise, em especial as reservas cambiais superiores a US$ 200 bilhões. Além disso, o potencial energético (novas descobertas de petróleo e o etanol), aporte tecnológico, como o da indústria gráfica, e o agronegócio constituem excelente base para o crescimento sustentado e o desenvolvimento. “Porém, é preciso reduzir os gastos públicos, que têm crescido muito, e priorizar o essencial em termos de investimentos do governo, considerando que a crise poderá implicar a redução da receita tributária.

Fernando Henrique também defendeu o repasse imediato ao mercado dos recursos liberados pelo governo via flexibilização dos depósitos compulsórios no Banco Central, para sustentar o crédito e a atividade econômica. “O País não pode continuar desperdiçando oportunidades. Se quisermos ter um futuro positivo, é preciso inventá-lo agora”, ponderou, concluindo: “Todas as providências precisam ser adotadas para que o custo maior dessa crise financeira internacional não recaia sobre os mais pobres”.

Ao término de sua palestra, Fernando Henrique respondeu perguntas formuladas pelos congressistas, compiladas pelo presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP), Mário César de Camargo. Cerca de 500 pessoas participaram da sessão desta quinta-feira do 14º Congraf, aberto dia 14 último e que será encerrado nesta sexta-feira, dia 17 de outubro. O evento também é comemorativo aos 200 anos da indústria gráfica no Brasil.

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