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Comprometimento
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rio de redução de emissões de GEE,
por parte das empresas, é a falta de
conhecimento sobre as próprias emis-
sões aliada à falta de incentivos (eco-
nômicos ou não) por parte do governo
e do mercado. Ainda segundo o diretor
da Fábrica Éthica Brasil, “é necessário
uma maior articulação entre gover-
no, mercado e empresas para que os
incentivos possam ser construídos
juntos”, afirma Theoto, ao acrescentar
que “a ABTCP possui certamente um
importante papel institucional e de ca-
ráter fiduciário quanto a este tema”. 
Da teoria à prática
O estudo mostra que o balanço entre
as emissões e as remoções de GEE,
consolidadas a partir dos inventários
das empresas do setor, é amplamen-
te favorável ao sequestro de dióxido
de carbono
.
A estimativa da ABTCP é
que o total de emissões de GEE do se-
tor, de forma direta ou indireta, some
6,484 milhões de toneladas desse
gás equivalente ao ano. Já as remo-
ções de GEE – considerando diversas
ações, como o plantio e a preservação
de florestas, o processo ecoeficiente
adotado na fabricação de celulose e
papel e a geração de energia renová-
vel, entre outros pontos – somam 64,2
milhões de toneladas de dióxido de
carbono equivalente ao ano.
Considerando todos os tipos de emis-
sões diretas e indiretas, a indústria de
celulose e papel resgata pelo menos
dez vezes mais esse gás do que o total
que emite em toda a cadeia de pro-
dução e distribuição. Este dado repre-
senta o ponto mais baixo da curva de
resgate do gás, pois algumas empre-
sas chegam a sequestrar até 50 vezes
mais o volume emitido de dióxido de
carbono
.
O estudo considerou três es-
copos de emissões de GEE: as diretas,
geradas pelas fontes controladas pela
própria empresa; as indiretas, geradas
pela compra de eletricidade, combustíveis fósseis e uso de frota própria de veículos; e as indire-
tas, geradas pela compra de materiais, atividades e frotas de terceiros, entre outros pontos.
“O resultado da consolidação dos inventários de carbono das empresas do setor surpreendeu
por mostrar que o resgate do gás da atmosfera pelo segmento de celulose e papel é muito
superior ao estimado, comprovando que essa indústria é uma das mais sustentáveis do País”,
destaca Afonso Moura, gerente técnico da ABTCP.
O objetivo do estudo foi o desenvolvimento e implementação de um sistema para coleta e
gerenciamento de estimativas de emissões e remoções líquidas de gases de efeito estufa
(GEE) do setor de papel e celulose - Sistema ABTCP de GEE. Esse sistema foi inspirado no
“GHG Protocol Corporate Accounting and Reporting Standard”.
“Nossa meta é também construir uma política setorial de mudanças climáticas que destaque
os riscos associados a restrições futuras, aponte oportunidades de redução e relate emissões
e progressos alcançados pelas empresas do setor de celulose e papel, assegurando possíveis
créditos de carbono”, acrescenta Giovanni Barontini, sócio e fundador da Fábrica Éthica.
O estudo identificou as fontes de emissões e remoções de GEE a partir da definição de um
ano-base para o cálculo das emissões e remoções líquidas. Foram identificadas metodologias
apropriadas para esse cálculo. A partir das conclusões obtidas, a ABTCP relacionou alguns
passos que as entidades do setor podem adotar para estimular a redução das emissões de
GEE. Entre eles, a criação do Carbon Disclosure Project – Papel e Celulose Brasil e o planeja-
mento e execução de iniciativas de disseminação do conceito de governança climática entre
as empresas do setor (no formato de treinamentos, workshops, publicações setoriais etc.).
“Num futuro próximo, pode-se esperar que o poder público
estabeleça metas para diferentes setores e empresas.
Quando isso ocorrer, quem já tiver seus inventários e ações
realizadas nesse sentido poderá ter ganhos substanciais de
competitividade”