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GRAPHPRINT JUN 11
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ENTREVISTA
te do Japão precisa ser reconstruída vejo que é uma oportunidade
que os investidores chineses, por exemplo, não vão perder. Vai mexer
na economia, mas a grande parte afetada foi o norte do Japão. O
caso das usinas nucleares é sério, mas isso é outro problema... Não
creio que atinja nosso ramo. Mesmo por que o mercado, em geral,
não está acelerado. Globalmente, as empresas sentem que há redu-
ção grande na atividade gráfica e isso tem vários motivos, mas, fato
é que a compra de equipamentos diminuiu. Os grandes mercados
hoje são Brasil e China.
GRAPHPRINT: Temos fôlego para grandes investimentos? Não há
saturação de mercado?
Barcelos:
Tenho uma teoria pessoal que o meio de campo do seg-
mento gráfico desaparecerá. Ou a empresa é muito grande ou é pe-
quena. Quem está no meio de campo começa a ser pressionado por
cima e por baixo. Esta é a minha opinião particular. À medida que
máquinas rotativas começam a ter custo viável a partir de 25 mil
há empresas que entram nessa competição com máquinas planas.
A maioria dos gráficos ainda se vê jogando esse jogo, mas ele está
acabando.
GRAPHPRINT: Mas, o meio de campo, tradicionalmente, não é o
lugar dos craques?
Barcelos:
Eu entendo de pescaria, de futebol não entendo nada.
É uma tendência natural assim como acontece na indústria auto-
motiva: ou se monta um negócio grande ou artesanal. Repare, por
exemplo, num garoto twittando: sua velocidade de comunicação é
um hábito, já nasce com ele.
Quem consegue captar o conceito de máquina pequena sai na fren-
te. Seu concorrente certamente estará trabalhando com 200 minutos
a mais. Não adianta comprar máquina atrasada tecnologicamente,
mas o gráfico é muito tradicional ainda. A Komori, por exemplo, tem
um bom nome no mercado e nós também. Os clientes não dizem
mais que máquina japonesa não entra em seu parque gráfico. Isso
vai acontecer também com os equipamentos chineses daqui a cinco
anos, provavelmente. Mas aí já me aposentei...
GRAPHPRINT: É inegável que a indústria passa a competir com no-
vos formatos, mídias, redes sociais, e-books, entre outros. Qual a
sua opinião?
Barcelos:
Essa é uma pergunta complicada, mas eu imagino que
isso terá uma influência nos próximos cinco ou 10 anos. Eu ainda
leio o jornal, mas sob o ponto de vista dos verdes, sempre achei que
os caras atacariam o jornal. Acontece que o jornal é reciclável, o e-
book não. O lixo eletrônico também é prejudicial.
Há um jornal na Áustria que é praticamente uma revista. Nada se
perde, tudo se transforma. De uns 15 anos para cá não temos mais
jornal em preto e branco. Hoje, todos possuem quatro cores em
todas as páginas. Por isso, atingiram um nível de propaganda que
conseguiu dar sobrevida ao impresso, pois além do jornal, no período
ocioso, a máquina pode rodar outros trabalhos.
Não podemos esquecer que no Brasil a informatização ainda é pe-
quena: pequena parcela da população tem a tecnologia à disposição,
mas a maioria ainda se apoia e acredita no papel. Em Minas Gerais,
o Super Notícia, com uma tiragem diária de 300 mil exemplares,
descobriu, no mínimo 250 mil leitores. É uma questão de procura; o
rádio já passou por isso, o cinema, também.
Já no ambiente digital, sinceramente, não sei se o empresário vai
ganhar dinheiro agora com o digital, mas se ele for inteligente vai
começar a criar um mercado diferente. Personalização é uma das
saídas. O cara tem de aprender e explorar a vantagem do digital é
uni-la ao offset. Só assim estará em todas, desde a tiragem única
até a grande tiragem.
“Não foi fácil, pois o mercado é germânico
nesse quesito, mas conseguimos provar
nosso trabalho. Hoje, após oito anos, temos
mais de 300 máquinas quatro cores ou mais
instaladas.”