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ENTREVISTA
GRAPHPRINT JUN 11
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Há empresas que são especializadas em digital com o modelo adap-
tado. Não há só varejo, tem o atacado em todos os segmentos pre-
tendidos. Gráficas rápidas e pequenas estão ganhando dinheiro.
GRAPHPRINT: É complicado customizar uma impressora, por
exemplo?
Barcelos:
Não é complicado. A customização é muito mais utilizada
para atender a demanda do mercado de embalagens. O que sobrou
das grandes tiragens é indicado para as rotativas. No mercado de
embalagem, a sofisticação é incrível, já vi máquinas três cores para
rodar três azuis diferentes.
A Ryobi tem um equipamento muito interessante para este mer-
cado. Chamamos de casting, ou seja, imprime e depois coloca um
metalizado para enobrecer a embalagem. A máquina que a Ryobi
está lançando vem com uma ou duas unidades de verniz e tem a
unidade de casting. Não apresentamos o equipamento ainda, pois
estamos discutindo com a Ryobi a questão do preço. Mas quando
conseguirmos enquadrá-lo ao padrão do mercado será um equipa-
mento interessante.
Como a Ryobi está crescendo ela enxerga o mercado com os olhos
de um produtor de máquinas pequenas e a nossa experiência com a
Intergrafica e a Ferrostaal sempre foi centrada no mercado grande.
Brigo para que o pessoal da Ryobi absorva nosso pensamento; é
preciso se adequar ao mercado, pois podemos chegar melhor e mais
rápido ao grande mercado.
Já temos a 928, oito cores, que foi um projeto instigado por mim.
Nossos técnicos foram e provaram que era possível e eles ficaram
satisfeitos. Desenvolvemos o equipamento 1050 com informações
baseadas na experiência que temos. Quem quer produzir Jeep tem
de saber produzir Jeep. Mesmo não tendo muita flexibilidade os ja-
poneses são disciplinados e apostam na tradição. Visitamos a fábri-
ca da Ryobi e o operário nem se mexe, nem olha para o lado; cada
profissional é responsável por uma área predeterminada.
Estamos vendendo máquinas rotativas da Índia, a Manugraph. Sa-
bemos que é um produto altamente exótico. Organizaremos uma
viagem para a Índia para que os clientes conheçam melhor a fábrica
da Manugraph.
GRAPHPRINT? Com o crédito relativamente fácil de ser adquirido, atu-
almente, no Brasil, como está o financiamento dos equipamentos?
Barcelos:
No Japão os juros são de 5%. Os financiamentos são feitos
por meio de recursos próprios da Ferrostaal. Temos poucos proble-
mas de pagamento e é, sem dúvida, um fator decisivo na venda dos
equipamentos. Isso é uma tradição que temos. As coisas ficaram
relativamente baratas e o Brasil, acredito, vai continuar crescendo.
Temos nuvens no horizonte, mas estamos acostumados com isso.
Acredito que continuaremos crescendo e com o crédito fácil a socie-
dade está deitando e rolando.
GRAPHPRINT: Fazendo um paralelo com os peixes, daqui a alguns
anos, qual espécie a Ryobi quer ser?
Barcelos:
Quer ser um tucunaré, um peixe resistente, forte e preda-
dor. A Ryobi possui equipamentos fortes, mas as máquinas não são
apinhadas de tecnologias que não serão usadas. A Ryobi só agrega
tecnologia que será realmente utilizada. O primeiro cliente da Ryobi
750, formato intermediário, era contra a pré-impressão. E como não
faz a maioria dos gráficos, ele estudou e calibrou o equipamento.
Resultado: hoje, com três ou quatro folhas o impresso já entra em
produção. Isso é um fator diferenciado. Tudo está muito caro; a rapi-
dez no acerto da máquina é fundamental.
Tem gente que acha que vender 500 mil reais de aparas é um gran-
de negócio. Imaginem, então, quanto o cidadão perdeu no acerto.
A qualidade de impressão da Ryobi é impressionante. Para mim foi
sorte e sou um cara que acredita muito na sorte. A mesma coisa
acontece com a Horizon, para acabamentos: tem uma automação
maior e são máquinas fantásticas.
A frase que sempre digo é que se deve crescer para baixo. Se a em-
presa possui 10 máquinas 3304 talvez ganhe mais do que se tivesse
três máquinas folha inteira. Mas tem o lado da relação com os concor-
rentes, o famoso, “meu vizinho vai dizer que eu estou indo mal”.
Tenho alguns clientes que os filhos estão assumindo, e eles já são
mais nipônicos, andam de Honda ou de Toyota. O dia que virmos
carros chineses na rua, certamente veremos mais máquinas chi-
nesas nas gráficas. Mas isso é uma questão que será trabalhada
pelo meu sucessor.
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