Page 10 - 115

This is a SEO version of 115. Click here to view full version

« Previous Page Table of Contents Next Page »
ENTREVISTA
GRAPHPRINT OUT 11
10
tido para imprimir e escrever e liner, algumas máquinas que
têm sido lançadas no mercado mundial, especialmente na
Ásia, ultrapassam a capacidade de produção anual de cer-
ca  de um milhão de toneladas, aproximadamente metade
da nossa exportação atual de papel. Para uma empresa que
não conte com uma rede de distribuição e assistência pós-
venda já estabelecida no exterior, o lançamento no mercado
dessa quantidade adicional é uma tarefa muito complicada.
No caso de celulose de mercado, sendo uma commodity, o
aspecto de comercialização é, sem dúvida, mais favorável,
embora difícil.
Isso podemos falar em relação às características de merca-
do. No entanto, outras barreiras se opõem à exportação, como
o real sobrevalorizado, o custo de capital e a infraestrutura
de transporte “outbond” ainda bastante defcitária. Existem
também casos como os papéis para publicação, com impor-
tação isenta de impostos, que acabam sendo desviados, em
parte, para outros fns comerciais. A parte tributária penaliza
os investimentos de uma maneira perversa, tributando-os an-
tes sequer do início da produção.
GRAPHPRINT:
O senhor acredita que o Brasil se tornará, num
breve futuro, o grande produtor de celulose mundial?
Farinha e Silva:
O Brasil já é líder no mercado de celulose
branqueada de eucalipto, tendo exportado no ano passado 8,3
milhões de toneladas, e a Fibria é o maior produtor mundial
do produto. Estão em execução dois grandes projetos: um no
Mato Grosso do Sul, o projeto Eldorado, e outro projeto no Ma-
ranhão, da Suzano. Os dois produzirão cerca de 3 milhões de
toneladas anuais. Outros projetos encontram-se em fase de
estudo ou de engenharia básica. O Brasil conta com vários
fatores que alavancam a sua competitividade neste ramo, em
nível global. Um dos fatores mais importantes tem sido a mo-
dernização das condições de criação de gado, com o aumento
da intensidade de ocupação da terra, com maior número de
cabeças por hectare. Por exemplo,  o confnamento do gado
durante a fase fnal de engorda tem liberado grandes áreas
degradadas em Estados como o Mato Grosso do Sul e Tocan-
tins. A ainda precária estrutura logística de transporte até os
portos de exportação e as condições dos próprios portos pre-
cisam evoluir, embora lentamente, graças à  iniciativa pública
ou privada.
A estabilidade política, junto com estes fatores, torna o Bra-
sil atraente para a produção de celulose em grande escala,
quando comparado com outras opções geográfcas no con-
texto mundial. Não devemos esquecer que a persistência da
sobrevalorização da moeda e as incertezas da legislação da
posse de terras por estrangeiros podem vir a mudar o balanço
em relação a algumas outras alternativas, como as que são
atualmente apresentadas na África Oriental.
No entanto, o mais importante fator que embasa a competiti-
vidade brasileira é a sua tecnologia na área forestal, onde é
líder em técnicas silviculturais e pesquisa de melhoria gené-
tica, especialmente no cultivo das duas espécies que cons-
tituem a maioria da sua matéria-prima fbrosa, eucaliptus e
pinus. Além disso, desenvolveu enormemente a sua capacida-
de de implementar, operar e gerenciar grandes projetos com
tecnologia de ponta e de grande escala de produção.
GRAPHPRINT:
De acordo com o senhor, o Brasil deve investir
mais fortemente na renovação de equipamentos e no desen-
volvimento de novos produtos. O parque industrial brasileiro
está obsoleto atualmente? Quanto e como é preciso investir
para atualizá-lo?
“Falando estritamente do setor de papel,
esse é um segmento ainda muito pulverizado,
com a  maioria das empresas de pequeno e
médio portes atuando num mercado regional.
As empresas maiores atuam integradas
com produção de celulose nos setores de
papel branco de imprimir e escrever, e no
segmento de embalagens.”