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SUSTENTABILIDADE
GRAPHPRINT JAN/FEV 13
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Desde a assinatura do Protocolo de Kyoto,
em 1997, países têm metas para diminui-
ção da emissão de CO2, na tentativa de
desacelerar o aquecimento global. Mas os
objetivos traçados para serem alcançados
até 2012 não foram totalmente atingidos
pelas nações.
Em relação ao aspecto financeiro da ques-
tão, Shigueo Watanabe, diretor executivo
do Ibope Ambiental, esclarece que apesar
de o valor negociado pelo crédito de car-
bono estar muito abaixo do praticado antes
da crise econômica de 2009, o mercado
mudou de configuração e existem muitas
oportunidades a serem exploradas.
Na entrevista a seguir, o diretor fala sobre
as perspectivas e o trabalho a ser realiza-
do pelo Ibope Ambiental na área, no pró-
ximo ano.
GRAPHPRINT: O Ibope Ambiental é agora
uma empresa nacional credenciada para
validar e certificar projetos de redução de
emissão de gases de efeito estufa. Qual o
significado dessa conquista para o Ibope
e para o mercado nacional?
Watanabe:
O mais importante é você ter
uma empresa brasileira atuando nesse
mercado. Existem dez empresas traba-
lhando nessa área de validação e verifi-
cação de projetos de créditos de carbono
e todas elas são internacionais. Desde o
começo do mercado de carbono, sentimos
a falta de uma empresa que conhecesse a
realidade brasileira, porque fazer um pro-
jeto de aterro na Índia, por exemplo, tem
impacto, consequências e legislações dife-
rentes do que no Brasil. A maneira de cal-
cular e a metodologia são as mesmas, mas
o contexto econômico e social é diferente,
e isso tem que aparecer na análise. Vá-
Diretor do Ibope Ambiental fala sobre o
mercado de crédito de carbono no Brasil
rios projetos tiveram problemas porque o auditor não conseguiu entender como o Brasil
“funciona”. E do que eu conheço, existem poucas empresas no Brasil que conhecem o
País tão bem quanto o Ibope. Outra comparação: os dois maiores produtores de crédito
de carbono são China (1°) e Índia (2°); o Brasil está em terceiro. E enquanto você tem
seis certificadoras chinesas e três indianas, até agora não existia nenhuma brasileira.
GRAPHPRINT: Há quanto tempo o Ibope Ambiental se preparava para obter a acredi-
tação da ONU?
Watanabe:
Os esforços do grupo começaram em meados de 2010, com o início do
processo da ONU, antes mesmo da criação do Ibope Ambiental. Foi um trabalho difí-
cil, porque você tem que mostrar absoluta competência e dar uma série de garantias,
principalmente, no tocante à imparcialidade das suas ações. Em qualquer relatório que
formos apresentar ao mundo, além das contas estarem certas e todos os documentos
em ordem, não podemos deixar que exista nenhuma pressão externa no trabalho apre-
sentado. Tivemos que mostrar o quanto o Ibope é uma empresa confiável, isenta e ética.
Uma coisa que aprendi nesse mercado de sustentabilidade é que ele se baseia cada vez
mais em uma sigla: MVR: medir, verificar e reportar. Você tem que verificar que aquele
“O mais importante é você ter uma empresa brasileira atuando
nesse mercado. Existem dez empresas trabalhando nessa área de
validação e verificação de projetos de créditos de carbono e todas
elas são internacionais.”
Shigueo Watanabe, diretor executivo do Ibope Ambiental