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GRAPHPRINT JAN/FEV 13
Papel e celulose
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O segmento de papéis gráficos é o mais sensível
hoje devido à acelerada queda nas vendas de jor-
nais e revistas, substituídos pelo formato digital. Do
patamar de 140 milhões de toneladas vendidas por
esse segmento há 10 anos – dos quais 100 milhões
nos mercados maduros e os demais 40 milhões de
toneladas, nos emergentes –, a previsão é que as
vendas caiam em 20 milhões de toneladas até 2025,
com uma inversão também na ordem de magnitude
do consumo, na qual os países maduros deverão
responder por apenas 40 milhões de toneladas, e os
emergentes, por 80 milhões de toneladas.
“A revolução causada pela mídia eletrônica está
apenas no início, e a indústria precisa entender que
o impacto disso é muito importante para os dife-
rentes tipos de papéis”, destacou Sairanen, ao ob-
servar que a crise financeira foi responsável apenas
por uma parte da retração no mercado de papel e
celulose – o outro fator foi a substituição dos meios
impressos pelos digitais, o que reduziu o investi-
mento de propaganda nesses veículos, no mercado
norte-americano, de US$ 60 bilhões para US$ 20
bilhões. “Dois terços da receita foram perdidos, e
a indústria de comunicação se pergunta como vai
sobreviver”, afirmou o presidente da Poyry Mana-
gement Consulting.
Nos mercados emergentes, boa parte do crescimen-
to futuro virá dos papéis para embalagem, os quais
apresentam enormes oportunidades de inovação.
“As empresas estão inovando no desenvolvimento
de embalagens para produtos farmacêuticos e em
substituição a outros tipos de embalagem, como a
de plástico ou vidro, por exemplo, por embalagens
de papel, o que vai representar um crescimento fun-
damental”, conta Sairanen.
Segmento tissue
Já no segmento de papel tissue, o menor de todos
em gramatura média e volume, também haverá
uma maior segmentação, com a utilização para ou-
tros fins, além da ampliação das vendas para uso
sanitário, principalmente em função da mudança
de hábitos de consumo nos mercados emergentes,
com a ascensão das classes de menor poder aqui-
sitivo. O uso de fraldas, por exemplo, vem crescen-
do nos mercados emergentes. Para dar uma ideia
do potencial de crescimento do mercado de fraldas
nesses países, basta notar que 92% das crianças
em idade de uso de fraldas vivem nos países emer-
gentes. Com mais famílias adquirindo, maior poder
aquisitivo e novos hábitos de higiene e consumo o
mercado desses produtos deverá apresentar uma
tendência forte de crescimento.
A Ásia, destacadamente a China, responde hoje por
45% do mercado total de papel, e deverá incremen-
tar sua demanda fortemente, com previsão de que
seja responsável por 90% do incremento de consu-
mo de papel como um todo até 2025. No segmento
de embalagens, o crescimento da demanda será
ainda mais forte.
A questão, segundo o executivo da Poyry, é quais os
efeitos disso na área de fibras. E aí desponta outra
oportunidade interessante para a indústria brasi-
leira atuar: a substituição dos papéis reciclados na
Ásia por fibra virgem para a fabricação de papel.
“O uso de papéis reciclados na Ásia ainda terá um
incremento, mas depois vai decrescer, e não será
suficiente para atender a maior demanda, devendo
ser substituído pela fibra virgem, o que é uma boa
notícia para a indústria de celulose”, observou ele.
Isso abrirá oportunidades, mas a indústria terá de
ampliar seu nível de excelência operacional e com-
petitividade para fazer frente à própria concorrência
no mercado asiático e chinês, que deve se ampliar,
seja com investimentos na produção de celulose,
seja da parte de multinacionais da área de papel
que estão modernizando suas operações no merca-
do chinês, como Kimberly-Clark, UPM e Tetra-Pack,
seja de companhias chinesas, como Huatai Group,
APP, Huafang Paper, NNE Dragons Paper e China Pa-
per, entre outras.
“Há 20 anos havia uma vantagem inerente na pla-
taforma brasileira, mas isso mudou e, face a esse
cenário, torna-se fundamental ampliar a excelência
operacional e usar a vantagem dos ativos, não só
plantando mais”, ressaltou Sairanen, ao acrescen-
tar que o aumento da produtividade e a maximiza-
ção do lucro devem caminhar simultaneamente à
criação do máximo de valor agregado a partir da fi-
bra, por meio de produtos como os biocombustíveis,
bioquímicos e biomateriais.