Revista Graphprint - Edição 163 - page 50

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do desempenho econômico e temos nossas
notas seguidamente rebaixadas pelas agências
de risco. Como se não bastasse, a comédia di-
ária de nossos poderes Executivo e Legislativo
e as intermináveis denúncias de improbidade
sãomanchetes diárias namídia internacional e
motivos de chacota e ironia dos comentaristas.
Somos os novos vilões do continente!
O mais grave é a inércia das autoridades na
busca da retomada do crescimento econômico
e solução dos problemas políticos que assolam
o país. Nada fazem a não ser um esforço fer-
renho para manter seus empregos em Brasília.
Enquanto brigam pelo poder efêmero, milhares
de trabalhadores são demitidos, engrossando a
dívida social e agravando o círculo vicioso da
recessão.
ARTIGO
ComopresidentedaConfederaçãoLatino-Americanada IndústriaGráfica (Conlatin-
graf), ficomuito preocupado ao analisar os dados que a Organização Internacional
doTrabalho (OIT) acaba de divulgar: a taxa de desocupação naAmérica Latina e no
Caribe chegou a 6,7% em 2015, ante 6,2% em 2014. Trata-se do índicemais alto
registrado em cinco anos. Isso significa que 1,7milhão de trabalhadores perderam
o emprego no período. O número total de latino-americanos e caribenhos desem-
pregados chegou a 19milhões.
Seosnúmeroscontinentaisassustam-mecomodirigentedaConlatingraf, osdados
específicos sobreonossopaís estarrecem-me como cidadãobrasileiroepresiden-
tedoSindicatodas IndústriasGráficasnoEstadodeSãoPaulo (Sindigraf):noBrasil,
segundo a OIT, o desemprego aumentou 1,5%. E, o que é pior, o nosso indicador,
considerado o tamanho de nossa economia e volume demográfico, teve fortes re-
flexos nasmédias regionais.
É triste verificar a conclusão da análise da OIT: apesar de a taxa geral indicar
uma deterioração dos mercados de trabalho da região, nem todos os países
apresentaram aumentos tão expressivos em suasmédias quanto o Brasil. Esti-
ma-se que o desemprego aqui tenha passado de 6,9% para 8,4%, entre 2014 e
2015. Na América Central e no México, porém, observou-se uma queda do de-
semprego, de 5,2% para 4,8%, nomesmo período. No Caribe, a taxa aumentou
apenas 0,3%, de 8,2% para 8,5%.
A influência negativa de nossa economia é ainda mais acentuada na América do
Sul, onde o desempenho doBrasil teve direto impacto no aumento damédia regio-
nal da perda de postos de trabalho, de 6,8% para 7,6%. Para se constatar o peso
de nosso país e o quanto a crise nacional é danosa, basta observar o seguinte: ao
ponderar os índicesdospaísesdoConeSul (Argentina,ChileeUruguai), sem incluir
oBrasil, aOIT registrouuma queda de 0,3%no desemprego.
Por outro lado, aOIT identificouque também está ocorrendomaior precariedade
dos postos de trabalho na América Latina e Caribe. A informalidade já atinge
130 milhões de trabalhadores na região. Há, ainda, uma elevação da taxa re-
gional de desocupação entre osmais jovens. O índice aumentou de 14,5% para
15,3%, entre 2014 e 2015. No tocante a essa tendência, contudo, o Brasil não é
o principal influenciador.
É constrangedor assistir à deterioração dos fundamentos da economia brasileira
e constatar o crescente desgaste internacional da imagem de um país que tinha
tudo para figurar entre os campeões do desenvolvimento e da ‘compliance’. So-
mos os responsáveis pelas estatísticas continentais negativas do desemprego e
O vilãodo contribuinte
Por FabioArrudaMortara*
*PresidentedoSindicatodas IndústriasGráficasno
EstadodeSãoPaulo (Sindigraf-SP),coordenador
doComitêdaCadeiaProdutivadoPapel,Gráfica
eEmbalagem (Copagrem) daFiesp,presidente
daConfederaçãoLatino-americanada Indústria
GráficaecountrymanagerdaTwoSidesBrasil.
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