Revista Graphprint - Edição 179

Entrevista GRAPHPRINT SETEMBRO 17 8 temos uma projeção para 2017. Estamos trabalhando forte. O semestre, infelizmente, não foi bom. O país perdeu o pique e isso é muito ruim. Há previsão de novos investimentos? Não há investimentos sem resultados positivos. É a regra. A crise política e os escândalos têm agravado ainda mais a situação. Já teríamos saído do buraco se não fossem os mal- feitos. Para sair do buraco precisamos parar de cavar. É uma verdade. O livro digital no Brasil, e no mundo, não decolou, e pelo andar da carruagem não vai pegar. O movimento de digi- talização da leitura, em seu ponto de vista, acaba sendo um ponto de intersecção para o crescimento do produto impresso? Não acredito. Não há intersecção. O que anda em baixa é o número de leitores. É disso que precisamos: de mais leitores. Pouco importa para o mercado se são livros eletrônicos ou impressos. O livro eletrônico veio para ficar. É uma realidade e hoje ocupa o seu espaço de direito. No Brasil os números ainda são pífios. A maioria de leitores não abre mão do livro impresso e vai ser assim por muito tempo. Usei leitores ele- trônicos por três anos seguidos. No início de 2017 voltei para os livros impressos. Mais fácil, né? Definitivamente falando, não assusta ser dono de editora hoje em dia? A Scortecci consegue se comunicar com o púbico que nasceu digital e tem forte inclinação a usar a tecnologia como forma de aprendizado? Assusta. Não precisa ser dono de editora, gráfica ou livraria. Ser empresário no Brasil é coisa de doido. Não vou aqui co- locar no “prego” a minha lista. Não quero perder o tesão. O Brasil precisa mudar, e rápido. Para não ficar no vazio aqui vão três pontos que precisam mudar: custo Brasil, leis trabalhistas e a educação. A internet colocou o mundo de ponta-cabeça. Mexeu com os mortos! Tem sido desafiador. Essa geração que nasceu digital sabe usar todos os dedos. Nós, não. É a diferença, né? Gosto de pensar que toda comunicação é, na verdade, um ato de negociação. Qual a tendência de impressão dentro do parque gráfico da Scortecci? A parceria com a Canon pode evoluir em qual sentido? A Canon, em nove anos de parceria institucional, tem sido incrível. Nunca nos deixou na mão. Gosto de trabalhar com ela; é justa e leal. Ela vive colocando lenha nos projetos da Scortecci. Como você enxerga a Scortecci daqui a 10 anos, por exemplo? A empresa pretende explorar outros campos da tecnologia, por exemplo? Pergunta difícil. Ela existirá, tenho certeza disso, e será me- lhor do que é hoje. Já transferi nos últimos anos parte da gestão do grupo. Vou copiar essa pergunta “marota” para os meus colaboradores. Quero saber deles o que pensam sobre o futuro. Os sebos estão fechando. Acho que em 2018 vou entrar no negócio de livros usados. Pessoalmente, o que significa completar 35 anos, es- pecialmente, no Brasil, onde a longevidade empresarial não é comum? Outra pergunta difícil. Dizer que “tudo” é pouco. Dizer que significa “nada” é muito. 35 anos é uma vida inteira, uma poesia inacabada. Continuo fazendo da vida um po- ema sem fim. “A crise afetou toda a cadeia produtiva do livro. A roda parou. Para colocá- la novamente em movimento, vamos precisar de ajustes, medidas amargas e, infelizmente, aumentar os preços. O livro está muito barato e não remunera o negócio nem abre margem para novos investimentos.”

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