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ARTIGO
GRAPHPRINT ED. 96
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A indústria gráfica brasileira investiu R$ 1,6 bilhão em 2008 na
aquisição de máquinas e equipamentos. É um valor expressivo,
em especial se considerarmos que já vem, há mais de duas déca-
das, destinando expressivo volume de recursos ao aporte tecno-
lógico e atualização dos bens de capital. Mais significativo ainda
é o fato de o dispêndio com tais rubricas, no ano passado, ter
representado 7% de todo o faturamento bruto do setor.
O dado é um dos mais relevantes do “Estudo Setorial da Indústria
Gráfica no Brasil”, que acaba de ser lançado pela Abigraf Nacional,
entidade representativa da atividade, por meio de parceria com o
Sebrae. Demonstra não apenas a preocupação com maior produti-
vidade, menores custos, melhor qualidade dos impressos, agilida-
de e ampliação do portfólio de serviços, mas também o exercício
da responsabilidade socioambiental na busca da produção limpa.
De fato, o chão de fábrica das gráficas é constituído por máqui-
nas cada vez mais modernas e econômicas em termos de tinta,
consumo de água e substratos químicos, do mesmo modo que
os processos produtivos voltam-se ao tratamento de resíduos, à
redução de ruídos e da emissão de gases. O parque gráfico brasi-
leiro dispõe de 71 mil impressoras, com média próxima a quatro
por fábrica. Conta, ainda, com 92 mil máquinas e equipamentos
de acabamento e beneficiamento, totalizando mais de 163 mil
unidades. Nos últimos três anos, foram adquiridas 21 mil novas
impressoras, o que equivale a quase 30% do parque instalado.
Quase 40% das máquinas e equipamentos em operação têm me-
nos de cinco anos.
O avanço das gráficas brasileiras na direção do conceito da sus-
tentabilidade já havia ficado bastante evidente na primeira edição
do Prêmio Abigraf de Responsabilidade Socioambiental, cuja ce-
rimônia de entrega realizou-se em 5 de junho último, Dia Mundial
do Meio Ambiente. Os cases inscritos testemunharam que as em-
presas do setor entenderam a inviabilidade de ignorar o quanto
é imprescindível a indústria ambientalmente correta, não apenas
pela consciência cívica como também pela exigência dos clientes
e consumidores finais, cada vez mais intolerantes com os trans-
gressores dos princípios da preservação.
Os investimentos em tecnologia limpa são muito pertinentes e
têm excelente relação custo-benefício para a indústria gráfica e
a sociedade, pois a mais importante matéria-prima utilizada pelo
setor, o papel, também não agride o ambiente em nosso país. No
Brasil, 100 por cento da madeira destinada à produção de papel de
Atualização tecnológica
e produção mais limpa
Por Alfried Karl Plöger*
imprimir e escrever
advém de florestas
cultivadas. Ou seja,
não se devastam ma-
tas nativas. Ademais,
a plantação de árvo-
res sequestra vultosa
quantidade de carbo-
no na atmosfera, ao
longo do ciclo reprodutivo e de crescimento das plantas.
O inédito “Estudo Setorial da Indústria Gráfica”, trabalho mais
completo já feito sobre essa atividade no Brasil, revela a exis-
tência de 19.897 empresas, responsáveis pela manutenção de
20.295 unidades fabris, nas quais foram processadas 6,5 milhões
de toneladas de papel em 2008. Tal volume corrobora e torna ain-
da mais evidente o quanto são inexoráveis a produção limpa e a
utilização de insumos ecologicamente adequados.
Essa indústria também é importante sob o aspecto da inclusão so-
cial (outra prioridade no tocante à sustentabilidade), considerando
que emprega, formalmente, 276.731 mil trabalhadores e é consti-
tuída, em sua maioria, por empresas de micro e pequeno portes.
Estas representam 88,7% do número total e foram responsáveis,
no ano passado, por 32,2% da mão de obra empregada e 21% do
faturamento.
Destoam nessas estatísticas, lamentavelmente, as gráficas esta-
tais, religiosas, de partidos políticos e sindicatos, que não estão
sob o guarda-chuva associativo da Abigraf. Portanto, são alheias
aos compromissos formais que o setor assumiu com a sociedade
brasileira, de contribuir para o crescimento econômico, trabalhan-
do com responsabilidade social, política e ambiental. Ademais,
exercem concorrência desleal, um problema mercadológico sé-
rio para mais de 22% das empresas ouvidas no estudo. Contudo,
essa distorção, uma das consequências da insegurança jurídica
nacional, não impedirá o processo de desenvolvimento da ativida-
de, cada vez mais preparada para atender às novas demandas da
comunicação e dos produtos impressos.
*Alfried Karl Plöger é presidente da Abigraf Nacional (Associação Brasileira
da Indústria Gráfica) e vice-presidente da Abrasca (Associação Brasileira de
Companhias Abertas)