Revista Graphprint - Edição 172

GRAPHPRINT DEZEMBRO16 Artigo 49 te 40% de sua área total. É um exemplo fidedigno da chamada economia verde, que denota que o “biofuturo” brasileiro precisa ser pensado demaneira ampla. As políticas públicas brasileiras reconhecem, conceitualmente, boa parte dessas oportunidades e também que essa cadeia produ- tiva pode ter grande potencial de mitigação. Mas, para isso aconte- cer, é necessário superar diversas barreiras relacionadas à oferta e, especialmente, à demanda; em outras palavras, são precisos os estímulos sustentáveis, como os créditos de carbono (que, assim, garantiriam às empresas a conti- nuidadede investimentos no setor sustentável). Isso para que todos os agentes envolvidos possam se motivar a escolher produtos que tenham efeito positivo em relação às soluções climáticas. Aí reside a conexão estrutural com os cha- mados mecanismos de mercado de carbono, instrumento aplicável ao conjunto da economia. Ou seja, ligado a ações renováveis, como o já conhecido etanol brasileiro, o biodiesel, as diversas fontes lim- pas de energia, e também a seto- res intensivosqueprecisamdesse instrumento para otimizar as pró- prias atuações conservacionistas. O Brasil tem credenciais suficien- tes, inclusive metas ambiciosas, que lhedáa legitimidadenecessá- riaparaatuar fortementena cons- trução de um mercado global de carbono. Capaz de servir de meio paraaçõesdemitigação, comme- nor dependência de recursos do contribuinte. Ou seja, cujos gastos partemdo caixadeempresas, não só de impostos. O país teve pro- tagonismo, por exemplo, na fun- dação doMecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Quioto, que representou o maior vetor demobilização empresarial no Brasil. A estrutura institucional emetodológica já dis- ponível noMDL é aplicável a diversos setores, inclusive aos de energias renováveis e às atividades de reflorestamento. OBrasil podeexercer papel tãooumais importantena transiçãodoMDLparaa nova estratégia prevista noArtigo 6.4 doAcordo de Paris, informalmente conhecido como SDM (na sigla em inglês,Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável). Há oportunidades para aproveitar a basemetodológica jácriadaeaomesmo tempoadotar liçõesaprendidas,superando restriçõessem perder integridade ambiental. OSDM será aplicável a todos os países enão somente aomundo em desenvolvimento, o que abre possibilidades inéditas de cooperação. Emessência,por isso,omercadodecarbonodevesermantidocomopapel basilarde incentivopara direcionar investimentos e estimular a inovação empresarial. As unidades de carbono necessi- tam ser vistas como integrantes da rotina econômica. Internamente, o país começou a estudar um sistema de precificação do corte da emissão de carbono por companhias privadas, o que poderia resultar num promissor cenário nacional focado na redução de emissões, contribuindo diretamente para o incentivo do reflorestamento e da restauração de habitats. É elemento prio- ritário garantir a existência desse mecanismo íntegro, adequado para viabilizar boa parte dos compromissos nacionais firmados noAcordo de Paris. E é fundamental que essa prioridade seja enxergada pelo governo. Naturalmente, aumentará a dureza do trabalho, como na necessidade de diálogo constante com técnicos, políticos e com o setor privado. Entretanto, trata-se de um elemento-chave para atingirmos nossasmetas sustentáveis. Sem ele, corre-se o risco deminar as hoje respeitadas credenciais sustentáveis do Brasil. *Presidente-executivada IndústriaBrasileiradeÁrvores (Ibá) eatual presidentedo ICFPA (nasiglaem inglês,Conselho Internacional dasAssociaçõesdeFlorestaePapel)

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