Revista Graphprint - Edição 172 - page 49

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te 40% de sua área total. É um
exemplo fidedigno da chamada
economia verde, que denota que
o “biofuturo” brasileiro precisa
ser pensado demaneira ampla.
As políticas públicas brasileiras
reconhecem,
conceitualmente,
boa parte dessas oportunidades
e também que essa cadeia produ-
tiva pode ter grande potencial de
mitigação. Mas, para isso aconte-
cer, é necessário superar diversas
barreiras relacionadas à oferta e,
especialmente, à demanda; em
outras palavras, são precisos os
estímulos sustentáveis, como os
créditos de carbono (que, assim,
garantiriam às empresas a conti-
nuidadede investimentos no setor
sustentável). Isso para que todos
os agentes envolvidos possam se
motivar a escolher produtos que
tenham efeito positivo em relação
às soluções climáticas. Aí reside
a conexão estrutural com os cha-
mados mecanismos de mercado
de carbono, instrumento aplicável
ao conjunto da economia. Ou seja,
ligado a ações renováveis, como
o já conhecido etanol brasileiro, o
biodiesel, as diversas fontes lim-
pas de energia, e também a seto-
res intensivosqueprecisamdesse
instrumento para otimizar as pró-
prias atuações conservacionistas.
O Brasil tem credenciais suficien-
tes, inclusive metas ambiciosas,
que lhedáa legitimidadenecessá-
riaparaatuar fortementena cons-
trução de um mercado global de
carbono. Capaz de servir de meio
paraaçõesdemitigação, comme-
nor dependência de recursos do
contribuinte. Ou seja, cujos gastos
partemdo caixadeempresas, não
só de impostos. O país teve pro-
tagonismo, por exemplo, na fun-
dação doMecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Quioto, que representou o
maior vetor demobilização empresarial no Brasil. A estrutura institucional emetodológica já dis-
ponível noMDL é aplicável a diversos setores, inclusive aos de energias renováveis e às atividades
de reflorestamento. OBrasil podeexercer papel tãooumais importantena transiçãodoMDLparaa
nova estratégia prevista noArtigo 6.4 doAcordo de Paris, informalmente conhecido como SDM (na
sigla em inglês,Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável). Há oportunidades para aproveitar a
basemetodológica jácriadaeaomesmo tempoadotar liçõesaprendidas,superando restriçõessem
perder integridade ambiental. OSDM será aplicável a todos os países enão somente aomundo em
desenvolvimento, o que abre possibilidades inéditas de cooperação.
Emessência,por isso,omercadodecarbonodevesermantidocomopapel basilarde incentivopara
direcionar investimentos e estimular a inovação empresarial. As unidades de carbono necessi-
tam ser vistas como integrantes da rotina econômica. Internamente, o país começou a estudar
um sistema de precificação do corte da emissão de carbono por companhias privadas, o que
poderia resultar num promissor cenário nacional focado na redução de emissões, contribuindo
diretamente para o incentivo do reflorestamento e da restauração de habitats. É elemento prio-
ritário garantir a existência desse mecanismo íntegro, adequado para viabilizar boa parte dos
compromissos nacionais firmados noAcordo de Paris. E é fundamental que essa prioridade seja
enxergada pelo governo. Naturalmente, aumentará a dureza do trabalho, como na necessidade
de diálogo constante com técnicos, políticos e com o setor privado. Entretanto, trata-se de um
elemento-chave para atingirmos nossasmetas sustentáveis. Sem ele, corre-se o risco deminar
as hoje respeitadas credenciais sustentáveis do Brasil.
*Presidente-executivada IndústriaBrasileiradeÁrvores (Ibá) eatual presidentedo ICFPA (nasiglaem
inglês,Conselho Internacional dasAssociaçõesdeFlorestaePapel)
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