Revista Graphprint - Edição 147 - page 29

GRAPHPRINT SET 14
Exportação
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A leituracomo fatorpreponderante
As tecnologias da informação são um dado das so-
ciedades contemporâneas e da cultura das novas
gerações. Mas isso não é motivo para que elas se-
jam introduzidas precocemente na rotina de bebês
e crianças pequenas, como alertam os especialis-
tas.
Cerca de 200 educadores das redes pública e pri-
vada de ensino participaram do “1º Seminário de
Educação Office Brasil Escolar – A convivência do
tradicional e do digital na educação infantil”, re-
alizado no dia 13 de agosto no Anhembi, em São
Paulo.
O evento foi uma iniciativa da regional paulista da
Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf-
-SP), com patrocínio da Francal Feiras e idealiza-
ção da Ricardo Viveiros & Associados, e fez parte
da programação paralela da Office Brasil Escolar
2014, a segunda maior feira mundial de artigos
para papelaria, escolas e escritórios.
Na abertura, oporta-voz daAbigraf-SP, ReinaldoEs-
pinosa, declarou que a indústria gráfica vem sendo
impactada pelo crescimento da comunicação ele-
trônica e quer entender melhor esse fenômeno.
“Mas não fomos movidos apenas por questões de
mercado. As evidências de que o contato precoce
com as mídias eletrônicas é prejudicial para crian-
ças pequenas têm se avolumado e quisemos con-
tribuir para a reflexão sobre um tema tão impor-
tante para o futuro. Afinal, uma infância saudável,
lúdica e afetivamente equilibrada é a base sobre a
qual se constroem pessoas mais criativas, produti-
vas e engenhosas, o capital humano de qualidade
que irá assegurar o desenvolvimento contínuo do
país e das próximas gerações”, disse ele.
Aline Richetto, professora de didática aplicada ao
cuidado na Faculdade Santa Marcelina, em São
Paulo, abordou o tema “Brincadeiras e desenvolvi-
mento psicomotor e social e a tecnologia na educa-
ção infantil”. Ela lembrou que, embora o Brasil ain-
da não tenha indicações oficiais sobre o assunto,
a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade
Canadense de Pediatria recomendam que crianças
até 2 anos não sejam expostas a tablets, celulares
ou outros eletrônicos e que, dos 3 aos 5 anos, es-
sas diversões não ocupem mais do que uma hora
diária da rotina infantil. Dessa idade em diante, o
limite pode ser ampliado a, no máximo, duas ho-
ras por dia. Pouco entusiasmada com a febre de
aplicativos para os pequenos, Aline diz que, neles,
a criança encontra tudo pronto e pré-ordenado, o
que contraria a liberdade intrínseca às brincadei-
ras, aumenta a passividade e prejudica a capaci-
dade de interagir socialmente: “Ao brincar, a crian-
ça conversa, aprende a criar e a seguir regras, a
ser mais tolerante a respeitar o colega, o que não
acontece só por estar com o dedinho no aplicativo.”
Ricardo Viveiros, jornalista e escritor, compartilhou
sua experiência como criador de histórias infan-
tis na palestra “Quem conta um conto aumenta
pontos... na criatividade, na compreensão e na
imaginação”. Para incentivar o hábito da leitura,
ele recomenda estimular as intersecções entre a
literatura e a vida e avisa que os leitores, mesmo
mirins, são coautores dos livros que leem e rein-
ventam as histórias nas suas cabecinhas. Ressal-
tou o poder das palavras na formação infantil e fez
várias sugestões de como aproximar as crianças
dos livros; por exemplo, criando um “cantinho da
leitura”, interpretando os personagens enquanto
lê e, acima de tudo, transformando essas ocasiões
emmomentos de compartilhamento: “Até hoje, leio
parameu filho de 21 anos quando quero fazê-lo ver
algo que me inspirou e que pode inspirá-lo tam-
bém”, afirma.
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