Revista Graphprint - Edição 158 - page 58

GRAPHPRINT SETEMBRO 15
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ARTIGO
Comaexpiração, em2015, dosObjetivos deDesenvolvimentodoMilênio, amaioriaaquém
doprevisto, osdistintosorganismosmultilateraisdaOrganizaçãodasNaçõesUnidas (ONU)
estão trabalhandonaelaboraçãodasnovasmetasparaoperíodo2016a2030. Noentanto,
não basta fazer planos para amelhoria dos indicadores do Índice deDesenvolvimentoHu-
mano (IDH). É preciso cumpri-los, pois a cada frustração em programas e acordos globais,
como os do ambiente e contençãodasmudanças climáticas, desarmamento,mitigaçãoda
fome e da miséria, refugiados, inclusão social, saúde e educação, crescem as tensões e
diminuem as chances de a humanidade atingir um patamar mínimo de desenvolvimento
sustentável, socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto.
Pormais estruturada e influente que seja a ONU e sua rede de órgãos em todo omundo e
por maior que seja o engajamento dos governos nos novos compromissos da civilização,
os objetivos para garantir um futuro digno para os 7,2 bilhões de habitantes da Terra não
podem prescindir, para sua viabilização, do comprometimento também do setor privado,
por meio das organizações doTerceiro Setor e do envolvimento direto das atividades pro-
dutivas e suas entidades de classe. Nesse contexto, a indústria gráfica tem íntima relação
com o ensino, pois seu crescimento é grandemente influenciado pelos investimentos em
educação e cultura, que são indutores do crescimento do contingente de consumidores de
livros, cadernos, jornais, revistas, embalagens e outros subprodutos da inclusão socioeco-
nômica de grandes contingentes populacionais.
No Brasil, o setor tem se posicionado e reivindicado de modo persistente a melhoria do
ensino. A Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) foi pioneira a apresentar
proposta, encaminhada no seu 15º Congresso, na cidade de Foz do Iguaçu, em 2011, de
que 10% do PIB fossem destinados à educação. Domesmomodo, será importante que a
Confederação Latino-Americana da IndústriaGráfica (Conlatingraf) constitua-se em centro
irradiador de reivindicações e sugestões para amelhoria das políticas públicas relativas à
escolaridade, em todo o continente.
Amobilização da indústria gráfica nesse sentido é de grande importância, pois os latino-
-americanos estão entre os povos que não cumpriram os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio na área do ensino. Prova incontestável disso encontra-se nos resultados do
3º Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), realizado pelo Laboratório Latino-
-Americano deAvaliação daQualidade da Educação (Llece), divulgado em julho último, em
Santiago doChile.
O Terce integra as ações globais do Escritório Regional de Educação da Organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Seu propósito é contribuir para
a elaboração de políticas públicas e o seu debate na sociedade, ao divulgar dados sobre a
qualidade da educação sem exclusão, em favor de sua democratização. A avaliação é re-
lativa a alunos de 4º e do 7º anos de cada umdos países. Os estudantes do 4º anofizeram
testesdematemáticae linguagem (leituraeescrita). Osdo7º ano, nasmesmasdisciplinas
e também em ciências.
Infelizmente, os resultados não são positivos. Segundo o relatório, 83% dos alunos do 7º
ano, por exemplo, estão nos dois níveis mais baixos em conhecimentos de matemática.
Esse grupo resolve problemas simples que envolvam frações, mas tem dificuldades em
solucionar questões que abordam ângulos. Para termos ideia de nossa defasagem, o Chi-
le, primeiro colocado no Terce, não figura sequer entre os 30 melhores países do Pisa,
Aagendada educaçãonos
novos objetivos dahumanidade
Por FabioArrudaMortara*
*PresidentedoSindicatodas Indústrias
GráficasnoEstadodeSãoPaulo
(Sindigraf-SP),coordenadordoComitê
daCadeiaProdutivadoPapel,Gráfica
eEmbalagem (Copagrem) daFiesp,
presidentedaConfederaçãoLatino-
americanada IndústriaGráficae
countrymanagerdaTwoSidesBrasil.
avaliação internacional realizada pela
Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Precisamos avançar muito, e a edu-
cação é tema relevante da indústria
gráfica. Por isso, na presidência da
Conlatingraf, estimularemos de modo
permanente as entidades de classe
à mobilização em prol de políticas
públicas eficazes para o ensino, em
todos os países que têm assento na
entidade. A América Latina e o Caribe
continuamcomexpressivadefasagem
na escala do desenvolvimento em re-
laçãoàsnaçõesdaEuropa,osEstados
Unidos e a Ásia. Nossa melhor opor-
tunidade de reverter esse quadro está
nas salas de aula, nos livros, jornais,
revistas e cadernos e na capacidade
de nossos países de proverem ensino
gratuito de alta qualidade a todas as
crianças e jovens.
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